sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Apaixone-se por mim...



Apaixone-se por mim.
Não um amor de mesa posta, talheres de prata, toalha de renda, não um amor de terça-feira, água morna, gaveta arrumada. Apaixone-se por mim no meio de uma tarde de chuva, rua  alagada, rosas na mão, um amor faminto, urgente, latejante, um amor de carne, sangue e vazantes, um amor inadiável de perder o rumo o prumo e o norte, me ame um amor de morte. Não me dê um amor adestrado que senta, deita, rola e finge de morto, que late, lambe e dorme. Apaixone-se felino, sorrateiramente, e assim que eu me distrair, me crave os dentes, as unhas, role comigo e perca-se em mim e seja tão grande a ponto de me deixar perder. Ame minhas curvas, minha vulva, minha carne, me fecunde e se espalhe por meus versos, meus reversos, meus entalhes. Deixe eu me sentir amada, desejada, glorificada em corpo e espírito que eu nunca soube o que é ser de alguém, mas preciso que me ensines, que me fales, que me cales. 
Amém.

(Patricia Antoniete)

Um comentário:

  1. Súbito, em nós tudo se confunde,
    somos um só pássaro, um só rumo, o mesmo vôo...
    Conjugação a dois do mesmo verbo
    alcançando o êxtase...

    Beijos...
    AL

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