sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Corcel Negro


Quem vê a ti, livre a cavalgar pelas campinas,
Veredas infindas, sob o argênteo luar...
Não imagina que ao longe,
Há uma mulher a querer-te domar...

De porte imponente, olhar veemente...
Dorso negro, manto denso de brilho espelhado.
Espécime da mais alta linhagem,
Arisco e selvagem...
Instigou-me a provar de tua liberdade.

Amazona audaz, fui ao teu encontro.
Seus olhos, poços de mel, ao focar os meus,
Sorveram minha razão,
Fascinação!
Ao toque, o arredio se fez dócil,
Doce ilusão!

Fiz-me teu par fiel,
Cavalgamos por empíreos mundos...
Tua crina, meu arrimo...
Teu trote, minhas asas...
Almas ferinas compondo uma só!
Hermética experienciação,
No dorso de um unicórnio!

Mais tarde me abateria dura queda...
Não negarias por mim teu instinto...
Tua natureza é ser liberto...
Sem raízes, sem dona...
Teu coração ninguém doma!

Fez-se nefasta minha realidade!
Passo a vida a te esgueirar...
A almejar ser senhora do teu destino
E acalmar-te esse vazio desatino...

Sem ti, são ermos os meus caminhos...
Todas as noites fico a sonhar...
Ter-te sob meu abrigo,
Ser para ti água fresca e calmaria...
Ainda, centelha de fogo
Que te apetece e aquece...
Corcel Negro, meu desafio!

Atroz levou-me a paz,
Deixou-me o frio e o vício.
Pelos vales a trotar,
Aventuras mil a perpetrar.
Teus desejos a satisfazer...
Somente pelo desvario
De a nada querer se prender.

Corcel Negro, ninguém te põe cabresto!
Mesmo assim, sempre retornas
Ao teu saudoso e seguro remanso...
Meu peito ainda pulsa ávido,
Ao prenúncio do teu galope.

Desnorteio-me ao mirar
A imensidão amendoada do teu olhar...
Efígie divinal a predizer:
“Um dia permitirei que sejas dona do meu coração,
Me domarás e me campearás...
Terás a seara de um amor pleno,
Como prêmio de tua inabalável dedicação...
Um dia...”


(Juliana Alves)

Um comentário:

  1. Esse como comentei no orkut, é um que eu gostaria de ter imaginado primeiro rs( como os outros, alias) mas focalizando bem este, achei maravilhosa a simbologia sensual e ao mesmo tempo sonhadora da renuncia, conformidade e sobretudo esperança, que muitas vezes exige o jogo de conquista desse corcel indomável que é o coração.

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