terça-feira, 18 de outubro de 2011

Do meu expressar



Nesse mundo de muitos brados, e também de muitos omissos...
Sou mais uma alma inquieta, instrumento de poderosas divindades sonoras, estas que já me tomam de abrupto, conectam-se em meu intelecto, falam ao coração, contagiam o corpo, movem mãos, e jorram grafadas assim, na tela do mundo: rede de intrigas, antagônicos interesses...
De vozes ora eloqüentes, ora silentes, muitas vezes subservientes a escrita, que grita no vazio, no remanso de um silêncio, auscultado mais que aguerridos manifestos de muitas multidões...
Todas vozes juntas em escritos, carregados de paixão, dor, fúria, decepção, ternura, indignação, revolta, arte em toda forma de sensação.
Febril é meu estado, quando percorrem minhas veias... Teu alfabeto já trilha em meu DNA, abrasa-me revelando-me o caminho das pedras, e nada posso fazer, me entrego e sou consumida, de alma cinzelada e lavada às tuas vontades...
Deusa palavra, indubitável é seu poder, de abalar, comover, exaltar belezas, exprimir o que não se pôde suprimir perante a ausência, o branco do nada poder se fazer, nada dizer ou por vezes do demasiado querer...
Através de três pontos que seja, mas que ganhe visão, interpretação num mundo que apenas um já se faz fim de linha ou ponto de partida, dependendo do bom entendedor.
Oráculo, meu vocábulo, me redija o futuro, dessas mal traçadas linhas... Incipiente, escrevo hoje pra me satisfazer, ou será pra total deleite alheio? Qual será minha real missão?
Não sei onde irei, por quanto e para tanto meus escritos servirão, mas enquanto de súbito assim me invadir, fechando minhas vias, deixando livre e veemente apenas minha destra, prometo servir-te de todo grado, pois rege minha vida e minha dita, sou torrente de palavras a desaguar o mar dos teus anseios.

(Juliana Alves)

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Coração Primaveril

  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...