sábado, 1 de outubro de 2011

Do Raro Amor


O amor que carrego no peito é um amor incomum...
Amor desinteressado, amor em extinção, pela material ambição ainda não contaminado.
Amor que nasceu do companheirismo, da amizade, da beleza um do outro, de dentro pra fora... Floriu em essência, e nela se fortalece.
É aquele que ama cuidar... Cuida de um corpo surrado, de uma alma ferida, ou de um ser amante desiludido... Ou mesmo de todas essas chagas combinadas, ou até de um coração que só requer carinho.
Meu amor é distinto, porque é um amor perene, não tem prazo de validade. Sobreviveu a períodos de seca, a grandes tempestades, até à gélida sensação do desamor.
Mas, como guerreiro nato das intempéries, persevera e só se doa, só acolhe, dá colo e recolhe o que há de melhor...
Mima o ser amado, porque se fundamenta em também ser mimado, em carinhos molhados...
Saciando a sede do toque, do retoque dos beijos, salivados pela ânsia brotada na emoção da presença partilhada.
Como função, tem agradar o ser almejado, o faz sentir o máximo desejado, amado com todo o cuidado de uma preciosidade!
E no realejo do roçar das peles e palpitações cordiais, ao se notar o deleite alheio, se farta pelo satisfeito...
Quanto mais espalhado, mais transmutado ao ser que amo, mais se aprofunda, impregna em mim, nele, em toda parte...
É um nobre, incomensurável, único amor, que só sabe ser sentido assim: de todo corpo, de todo coração...
Subentendido nas entrelinhas da alma, esperando a real entrega do personificado ser amante...
No seu íntimo será cravado, ao mundo anunciado e liberto, eternizado mais do que em palavras apenas...
Na poesia do legítimo encontro...
Dos amores raros!

(Juliana Alves)

Um comentário:

  1. Juliana,
    Primeiro obrigado pelo comentário no meu poema no Letras y Borrões. Volte quando quiser.
    Segundo...
    Maravilhoso esse seu texto! Ele é o que chamo de "Poesia em Prosa", tens completa razão: é um raro amor, daquele que ainda vive em poucos corações, aquele amor de outros tempos, outras épocas, sem interesses. Somos (me incluo nisso, ok?) de outros tempos.
    Parabéns pelo post!!!!

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  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...