quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Rem Effugere



Abro os olhos, a janela ao fundo anuncia, se fez dia...
Ouço o murmurar... Em lágrimas declina
a inabalável água resignada dos céus...
Vislumbro matizes gris cinzelando o cenário,
Absorta nostalgia de aragem fria...

Mas nada me aflige...
Diante de mim noto, soerguido,
O marmóreo Atlas, imponente anteparo
Minuciosamente esculpido
Sob a forma humana de enérgico ser amante.

Fito, enternecida, aquele corpo por mim tangível...
És meu templo... Intensa, a ti escavo,
Amoldo-me em teu cerne...
Forjando-o aconchegante abrigo,
Escudo que espaça qualquer realidade adversa,
pois em ti, adentro em onírica dimensão...

Teus fortes braços, colunas dóricas
que ao meu mundo sustenta...
Simbiose de trepadeira e madeira,
Abarca-me todo o corpo,
envolvida não mais sou una.
Nutrimo-nos da seiva latente,
amor circulante em nossas veias...
Magnetismo que impele ao toque,
Beijos crepitando como brasas, encaixe perfeito...
Antológico quebra cabeça do cosmo.

Lá fora continua frio, mas dentro...
Não sei se de mim ou do nosso santuário,
a fogueira do estupor em minha sede arde...
Dos teus olhos abrasa a real aurora,
Tu, em teu todo: corpo e alma, manancial de deleite...
Eu, coração: lareira em chamas a exaurir calor...
Nós, poesia dos deuses... Gáia e Atlas compactuando
A Energia vital da existência...
Enquanto lá fora, deságua o mundo.

(Juliana Alves)

Um comentário:

  1. Eu sempre leio seu blog e não comento tanto quanto gostaria, mas tudo se ajeita no final, desculpa se te encher com minhas indicações mas se pedem pra colocar os blogs que gosto tenho que ser sincera e o seu sempre está na minha lista. Deixo um meme pra vc

    http://ninabarroso.blogspot.com/2011/10/meme-10-coisas-que-eu-amoem-10-imagens_10.html

    Beijo Flor

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