Dona moça enclausurada, por muito mal respirava, quando ousava um inspirar mais profundo, um cheiro acre e empoeirado lhe adentrava as narinas... Faltava-lhe o frescor do ar de um porvir...
Ansiava uma luz que iluminasse e a pele não castigasse... Que lhe devolvesse o viço de uma alma que nasceu cheia da divina graça, e corvos em meio à escuridão sua luz mitigou.
E não tarde, não é que por pequena fresta, a menina viu a aurora de um novo dia, e ávida respirou... Aspirou toda a liberdade de um exterior convidativo, contagiou-se com o brilho das infinitas possibilidades...
Inflou pulmões, alimentou-se de um renovado alento, deixou-se ser invadida pela lucidez dos bons sentimentos, expandiu-se em nova fé e fez crescer as asas de seus anseios, ascendeu até que se demoliram os muros que a cercava, do casulo cinzento e abafado foi liberta...
Abriu-se portas e janelas para a brisa leve entrar, varandas com beirais de flores multicolores lhe adornaram o quarto escuro, que lhe servia de coração... Enfim, fez-se verão... Raiou o sorriso nos lábios, a pele refletiu o dourado bronzeado das almas iluminadas.
A borboleta-menina aprendeu a ser dia, e não há nuvem que nuble seu tempo, nem sombra que lhe faça noite, pois quando se faz morada do sol, a luz se torna permanente!
(Juliana Alves)