quinta-feira, 30 de junho de 2011

Felicidade Clandestina


Felicidade é a sensação mais astuta que conheço...
Nunca está onde a buscamos ou desejamos.
Ou chega avassaladora, sem avisos,
em forma de tufão, nos rodopia, e envolve...
Faz- nos flutuar freneticamente, e nem dá tempo de ver por onde nos arrebatou...
Ou vem de mansinho, sorrateira, tomando-nos a alma e o coração.
Só vamos nos sentindo mais leves, com a aura mais luminosa,
sorrindo com os olhos, mas não sabemos o porque...
Então, quando nos damos conta já fomos dominados...
Entorpecidos por sua doçura inebriante, exalando seu perfume...
Mas nunca, jamais se revela por sinais antecipados...
Porque felicidade, se prevista, é arisca.
Nos precipitamos pra tocá-la, e ela... FOGE!
Visto que a felicidade é não saber...
Felicidade é o surpreendente da vida!

(Juliana Alves)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Meu UniVERSO


"Minha alma é sempre um verso, 
nas palavras me satisfaço, 
me entrego e me esmero, 
porque são de palavras 
o meu UniVERSO!"

(Juliana Alves)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Dos versos que me compõem


Trago em mim
Um recado
Às vezes mal dado...
Por luz divina
ou uma alma ferina.

Trago lembranças
Replenas de fantasias
Existência que completa e sobeja...

Nesse recado, uma parte
do seio que em mim cabe,
mora um verso
em que componho e me faço,
 e me pertence a metade do laço
desse espaço 
que não me sabe.

É um recinto,
Maior do que o sinto...
Maior que minha vida..
Maior que meus sonhos...
Maior até que o amor,
E a alma que se vai, às vezes com dor...

Nesses versos que me compõem
Cravo e me completo,
Me revelo essencialmente...
E transpareço...
O anseio e o abraço
De outro pedaço
Que aqui jaz, 
enfim.

Trancrevo e ouço,
Um canto agora,
Desse encanto que me traz
Essa saudade voraz
Que em paz,
se acabe...
 e fim.

Nesse verso que mora em mim
Que eu me encontre...
E também a poesia que exala
Desses versos tão fugazes
Desse tempo que esvai
Que foge, escorre
E me abstrai...

Que me depare com a verdade,
Nem ouça e nem fale,
Somente me cale
Diante do verso
Que tudo diz de mim.
Ante a rima e a quadra...
Perante o amor e a alma
Em presença de tudo que almejo.
Vívido assim...

(Juliana Alves)

domingo, 26 de junho de 2011

Redenção




Coração cigano, 
alheio ao desengano.  
Flutua peregrino,
Na leveza das ternuras pasmas...
 Encantamento divino, 
que me acalora de emoção.
Um olhar...
Quiasma de almas.
Que me devolve a calma...
e dá asas à imaginação...
Vontade?
Saciedade?
Liberdade...
de indescritível sensação...
Que foi o início de minha  R e d e n ç ã o.

(Juliana Alves)


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Aurora


Hoje acordei em simbiose com os raios solares,
reluzindo poesia por onde passo...
É luz sendo absorvida e refletida.
 
Houve dias de temporais,
mas hoje me veio esse sol,
e seu espectro de cores,
virando arco-íris no prisma do meu coração...

Assim, transpareço...
Em cada cor estremeço...
Vermelha de amor
Laranja de vitalidade
Amarela de felicidade
Verdejante de esperança
Azulzinha de tranqüilidade e
Violeta de vontade...

De raiar um novo amanhecer...
De ensolarada bonança
E sábia temperança.

Onde a vida dança macia
Na perseverança dos dias
De felicidade ainda que tardia...
Mas quem disse que se adia?
O colorir é agora!
Ultrapassa alma afora,
Faça sua aurora!

(Juliana Alves)

Luz do Mundo


Penso sempre que, amor, amor mesmo, daqueles que tudo-perdoa-tudo-pode-tudo-alcança é visto por poucos nesse mundo tão sozinho. Aquele amor que faz os olhos brilharem, que enxerga felicidade na presença, que faz o coração pular, que arranca choro de emoção, que dá vontade de gritar de felicidade - amor assim é raridade. Amor pra vida toda se tornou historinha pra boi dormir. A idéia de amor pra sempre virou calmante para aqueles que não conseguem dormir à noite por medo de morrerem sozinhos. Estamos em um estado que até meio fio parece uma barreira intransponível. Alguém pergunta pra Deus aonde é que foi parar o amor?

A gente ainda vai dar muitas voltas até descobrir que está escondido dentro da gente, só esperando pra acontecer. Esperando pra brilhar, pra espalhar, pra afugentar o mal. O amor está lá, quietinho, esperando nossos dedos tentarem resgatá-lo do fundo do nosso peito para trazê-lo à superfície. Perfeição é a maneira como Deus desenhou com seus próprios dedos as linhas da sua vida. E com sutileza, com afeto, com ternura, soprou sobre você a felicidade e te deu a benção que é poder sorrir apesar de. Apesar do medo, se pode sorrir. Apesar do aperto, se pode sorrir. Apesar do tédio, da amargura, da falta de coragem, se pode sorrir. Coragem! Ainda há tanto para comemorar antes de entregar os pontos.

Ame-se. Deus fez tua boca para amparar, tua gargalhada gostosa pra se espalhar por aí, teus olhos para refletirem o que há em sua alma, seus braços para abraçar quem precisa. Deus fez lindamente seus ouvidos para aprender, seu coração para sentir e sutilmente pincelou amor nesta obra de arte. Te deu o dom de amar incondicionalmente, de rir escancaradamente, de se encantar maravilhosamente, de desmistificar a felicidade, de estrangular o medo, de dar um pouquinho de paz a um peito cansado. Deus te deu essa alegria que cresce quando em conjunto, o dom se saber-se forte, a possibilidade de reconhecer suas falhas, a experiência de aprender com elas. Deus te deu o presente da oração, a sabedoria de agradecer até mesmo por coisas ruins porque tudo é um plano Dele com um objetivo bom na reta final. Deus te deu a capacidade de correr maratonas quando você pensa que não conseguirá dar o primeiro passo. Deus cochicha as instruções em seu ouvido, coloca calor em seu coração para aquecer os invernos mais gelados da sua alma - e de outras almas também. Te deu capacidade de sentir com intensidade tudo o que vale a pena e de desfrutar da companhia de tantas pessoas especiais que caminham ao seu lado. Deus te carrega no colo quando tudo dói, chora quando você sofre e se alegra quando você sorri. Ele te observa andando pelas ruas pra que nenhum mal te aconteça e fica triste quando você faz coisas ruins. Deus te deu o privilégio de chorar no colo Dele quando você pensa que está sozinho. Não, não está. Ninguém te ama como Ele.

O amor está, está sempre, em todos os lados, escondido por todos os cantos. Só vê quem enxerga com o coração. Só enxerga quem o reconhece no sorriso do outro, em um abraço apertado, em uma gentileza a um desconhecido, em um olhar de cumplicidade. O amor é maior do que qualquer conceito sobre amor. O amor é simples, e por isso passa tão despercebido. Se for pra se matar, que seja de rir. Se for pra se drogar, que seja de afeto. Se for pra falar, que diga a verdade. Se for pra sentir, que coloque amor em cada gesto. Que tenhamos a feliz sutileza de abrir os olhos todos os dias e pensar: "eu sou a luz do mundo."

(Clarissa M. Lamega)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pra algumas perdas, não há outro caminho, a não ser perdê-las...


(...) Há muitas perdas quando se termina algo que não se queria ter terminado: muda-se a auto-imagem, alegrias ficam suspensas, sonhos desaparecem por um tempo e nenhuma cor na paisagem. 
O cotidiano fica obscurecido por aquela lacuna aberta no meio do que era a parte mais interessante dos dias.
Com o tempo, você analisa que abrir mão de algo muito importante, só se faz quando se tem um motivo maior que esse algo: seja um propósito, uma crença, um valor íntimo, uma obstinação qualquer que te oriente para essa escolha que já se sabia tão dolorosa. É um sacrifico voluntário por algo mais pleno, mais grandioso em Beleza. E, nestas análises, você descobre outras perdas que são positivas: perde-se também a ansiedade, a insegurança e a ilusão. E você aprende a recomeçar agradecendo por vitórias tão pequenininhas...
Como quando é noite e antes de dormir você se enche de gratidão:
“Deus, obrigada, porque é noite e eu tenho o sono... Que venha um sonho novo, então.”

(Marla de Queiroz)


2º Selinho


Nossa, que surpresa boa!
Recebi hoje esse lindo selinho da Daline, dona de um cantinho a pouco descoberto, mas que tem se tornado meu recôndito preferido: Que seja leve...

Como o próprio nome do blog diz, realmente é uma leveza para a alma adentrar nesse mundo de textos maravilhosos, e que parecem me ler a cada visita e dar voz aos meus sentimentos. 

Muito obrigada, Querida!
Pelas visitas diárias e seu reconhecimento, que nós amantes da literatura, almas intensas que fazemos das palavras escapes, sentimentos, luz e saber possamos a cada dia unir mais nossas miudezas e conhecimento para abrilhantar e colorir nossas vidas e dos afins.
Que Deus ponha sempre Seu olhar mais amoroso e Seu sol mais luminoso sobre sua vida, lhe dando também muita intuição ao postar essas lindezas pra todos nós!


Regras:
1ª - Agradecer a quem lhe enviou;
2ª - Escrever um post sobre ele;
3ª - Mencionar no post os blogs selecionados;
4ª - Avisá-los sobre o recebimento do mesmo;


Eu indico para os blogs:
 Amanda: Love apesar, a pesar e há pesar...
Amanda Cabral Magalhães: As Rosas de Teresa
Mila Lopes: Mila Lopes
Valdeline Barros: Caixinha Delicada
 

Luz e Paz a todos!
Bjs! =*



segunda-feira, 20 de junho de 2011

Homenagem de um amigo poeta a mim



Juliana Alves

Menina discreta
que fala quieta
às vezes sem querer
Os teus escritos
poemas bonitos
descrevem você

Até quando silencias
transpiras poesia
te fazendo entender
coisas de literatos
dos finos tratos
de grande saber

Tu lembras Clarice
na clareza e meiguice
coisas de poetisas
demasiadamente poetas
também muito concretas
prolixas, concisas

Menina sorridente
que repassa pra gente
boas vibrações
continues poetando
cativando, ajudando
e fazendo canções

Numa dessas horas
a luz da aurora
linda como a boreal
vai raiar de verdade
no canto da felicidade
teu coração especial

(Jetro Fagundes)

**Sinto-me agraciada por tais palavras, por todo carinho que recebi nesse texto. Você tem um dom nato de transformar a simplicidade em poesia. Muito obrigada meu querido amigo!**

domingo, 19 de junho de 2011

É preciso falar...



É preciso falar dos amores...
É preciso falar das dores...
É preciso falar da saudade...
É preciso falar da vontade...

Falar é reviver...
Memórias, risos,
Amigos, abrigos...

É preciso desabafar...
Alegrias, decepção...
Requerer atenção.

Mas pra isso...

É preciso Sentir...
Seja ódio, seja paixão...
Se entregar a um carinho...
E experimentar seu calor.

Seja como for...

É preciso Desejar...
O bem ou o mal...
O Futuro de nós dois...
Ser livre...
E segurar a sua mão.
 
Sem esquecer o essencial...

É preciso começar....
A perdoar...
A esquecer...
Se doar e..
Viver.

É preciso Brindar o Destino...
E acreditar no instinto.
Se jogar nessa dança da vida,
sem ter medo do escuro!

É preciso falar...
Sobretudo a verdade...
Porque acredito na idoneidade da palavra!

É preciso pensar...
Beijos, planos...
Sensação lavrada...
A nossa próxima parada.

É preciso falar!

(Juliana Alves)

sábado, 18 de junho de 2011

"No ardor de tantos abraços, caíram palácios, ruiu um império, os nossos olhos vidrados de mistério..." (Amando sobre os jornais, Chico Buarque de Hollanda)



Que o olhar que me paralisa, paralisasse você também no tempo. Em qualquer tempo que não fosse o agora, em qualquer tempo que fosse como um antes, de um depois desnecessário. Queria ainda poder me sentir imóvel quando seus passos vinham desenhando o destino pelo corredor, queria sentir o arrepio da porta se abrindo, a felicidade de ouvir teu sorriso alarmando a casa, atrapalhando o filme, dispensando as canções.
Queria te guardar imóvel no movimento. No movimento das suas mãos me dedilhando as costas, o movimento dos seus lábios tatuando a nuca, o movimento que timbra o vento nos seus cabelos, o silêncio do mundo no seu piscar de olhos, o mover sua sombracelha que formavam ondas perfeitas na sua testa, seus dedos que tocavam Chico na minha cintura, sua voz em movimento era como um chamado de algum lugar. Eu não queria mais voltar.
Sou boba tantas vezes. Parei tanto tempo presa em você. Ficava extasiada, alucinada em te observar ganhando o mundo sem sair da cama. Eu te achava “o cara” e pensava: “puxa, que sorte a minha”. Acreditei até no amor, na paixão e nas outras coisas que dispensam uma lista de razões. E me bastava te ver, bastava você rir, e pegar minha mão às vezes. Eu me apaixonava na mesma medida que me iludia.
Ilusão. Não que ilusão seja ruim. É preciso de vez em quando, muito de vez em quando. Precisamos nos auto-iludir. Senão houvesse essa possibilidade de ilusão, talvez eu e você não tivesse acontecido. E acontecer pode ser bom.
Vale que aconteça. Vale o olhar que paralisa enquanto o mundo gira para nos despertar.

(Cáh Morandi)


O mundo girou, girou, girou e nos despertou...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Quando se dói...

"É uma benção inestimável receber amor. Mas quando a gente dói, precisa cuidar da própria dor com o carinho com que gostaríamos de ser cuidados pelos outros. 
Com a atenção e a suavidade com que tantas vezes cuidamos de outras vidas.
 Os beijos bons precisam começar em nós."


(Ana Jácomo)


"Deixei de me por de lado, pra ser protagonista da minha história. Chega de me doar, chega de me doer, já dizia Caio.
Os olhos, carregados de amor, passam primeiro por mim. Me investigo, me acarinho, me visto de coragem, me cubro de ternuras. Analiso o que há de melhor e pior em mim. Boto tristezas pra dormir, faço faxinas de tirar todos os sentimentos do lugar, abro todos os cômodos do coração, pra deixar só a leveza tomar espaço. Depois o outro. Depois, aquele que precisa de mim. Porque se eu não o fizer, se eu não me tratar com respeito, eu não estarei pronta para ninguém.
É preciso um baita amor pela gente, sim, todo santo-dia, pra não desistir. Num mundo em que a falta de sol toma conta, é tempo de voltar-se pra dentro e trazer de lá uma luz qualquer."

(Cris Carvalho)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

'Seu corpo, templo da sua alma !'


Não há limites entre estes. Não há nada que separa corpo e alma. Não tem onde um começa e o outro termina. Quando se toca um consequentemente toca-se o outro ... !
(Hellen Veloso)
Pena que poucas pessoas reconheçam isso e tanto se deixam tocar por qualquer um, como também alguns nos tocam sem nenhum cuidado, sem se importarem com a profundidade que isso nos chega e com a importância desse ato...
As pessoas entram em nossas vidas, despertam sensações com seus toques (sejam físicos ou emocionais), mas não querem se comprometer, não querem saber do efeito que causou em nós, são indiferentes... 
 Outros já chegam nem ai, sem tato, só desejam, e nesse mundo de almas e afetos, querer não é poder... Só pode quem faz por onde cativar, e falo por mim, cativar minha alma não é pra qualquer um. Levo a sério tudo que me vai no corpo e na alma, e exijo competência, veracidade e responsabilidade.
Tocar é trocar energia e não quero trocar minha energia por qualquer fluido de baixa vibração não... Somos vida, somos luz, e energia preciosa que não é pra qualquer um sugar (o que não tem) e nos afetar de forma negativa não!  
Quem se permite a essa violação, ao meu ver, tem pouco amor-próprio!
Nos preservemos mais e seremos muito mais felizes e plenos em nossa essência. Pelo menos é o que acredito! ;)
(Juliana Alves) 
 
"Porque tocar uma vida com carinho é a forma mais espetacular de fazer sorrir a Deus."

(Mariane Braga)
 

A Moça de Vidro



...Ali a poucos metros, ela parava pra tomar seu café. Neste momento, eu juro que via nela alguma delicadeza de menina que dói. Coração de vidro. Pele de vulcão. E imaginava a minha cena preferida de fim de tarde.

Ela descalça pisando na grama molhada, sorrindo desarmada, deixando a parte pontiaguda de seu peito em stand by. Eu ali engolindo a rouquidão ofegante de sua voz, imaginando a quantidade de cacos que a menina docedeleite guardava quando se tornava moça de vidro. Eu sabia que os seus cacos eram tão afiados quanto o seu mau humor e a sua arma preferida estava guardada no meio da sua arrogância, bem dentro do seu peito de vidraça quebrada.
Eu, desajeitado me desvencilhava desse Insight inusitado e arrebentava a cara, quando a dona de vidro, colocava as mãos no balcão e pedia com voz dedocedeleite.
- Uma dose de solidão, seu moço. Sem gelo, por favor.
Da mesa ao lado eu respondia quase que sussurrando. Ah se ela pedisse amor...

Mesmo que fosse um amor pequenino, desses que a gente guarda num potinho de vidro. E rouba todo dia um pouquinho até esvaziar. E quando termina a gente acaba se cortando no pote. Só por querer se lambuzar demais.
E do meu jeito eu entendia a moça de vidro. Amor só se vier junto com uma dosezinha de solidão. Dessas que a gente engole com vodka ou encara pura mesmo. Dessas que a gente guarda, recorta e cola no nosso mural instantâneo. E fica lá exposta feito troféu. E a gente vai colecionando uma porção delas, de todas as cores e variados sabores, tem aquela que é de vidro e sempre te machuca. Um dia você enjoa e a joga pela janela. Ela vai despedaçar e você jamais vai deixar de sangrar.

É, moça de vidro, ainda bem que você anda blindada.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Reencontro



Eu vim aqui me buscar. E aqui parecia ser longe, muito longe do lugar onde eu estava, o medo costuma ver as distâncias com lente de aumento. Vim aqui me buscar porque a insatisfação me perguntava incontáveis vezes o que eu iria fazer para transformá-la e chegou um momento em que eu não consegui mais lhe dizer simplesmente que eu não sabia. Vim aqui me buscar porque cansei de fazer de conta que eu não tinha nenhuma responsabilidade com relação ao padrão repetitivo da maioria das circunstâncias difíceis que eu vivenciava. Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais. Encolhida.

Vim aqui me buscar porque, para onde quer que eu olhasse, eu não me encontrava. Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim. Vim aqui me buscar porque percebi que estava muito distante e que a prioridade era eu me trazer de volta. Isso, se quisesse experimentar contentamento. Se quisesse criar espaço, depois de tanto aperto. Se quisesse sentir o conforto bom da leveza, depois de tanto peso suportado. Se quisesse crescer no amor.

Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais. Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa de novo.

Vim aqui me buscar. Aqui, no meu coração.

(Ana Jácomo)


*Quero de volta a mulher forte, audaciosa, 
com brilho nos olhos que já fui, 
sem deixar de lado a leveza e a doçura... 
Quero aconchegar as almas que eu tocar, 
com sutilezas e miudezas que exalam pelos poros
após nascerem no coração.  
Me quero de volta e não abro mão!*

(Juliana Alves)

terça-feira, 14 de junho de 2011

A difícil arte de seguir em frente


(Em outras palavras: na hora do aperto a gente apela para a autoajuda, birita, ombro dos amigos, livros bestas e músicas cafonas.)

Por algum motivo as coisas não deram certo. Sua vida seguiu por um caminho e a dele dobrou duas quadras mais para a frente. Você fica se perguntando o que aconteceu, o que deu errado, por que vai ter que enfiar todos os planos dentro da nécessaire, fechar e ficar um tempão sem abrir novamente.


A gente passa por diversas fases. Sentimos raiva, sentimos dor, sentimos revolta, sentimos desprezo, sentimos saudade, sentimos amor, sentimos medo de nunca mais esquecer, sentimos medo de gostar de novo, sentimos vergonha e receio em repetir os mesmos erros bobos.


Demorei muito para acreditar na mais louca e cruel verdade: quem gosta de você vai te tratar bem. Quem gosta de você se importa, quer o melhor, te procura, te liga, te dá satisfação. Quem gosta quer estar junto. Quem gosta demonstra. Quem gosta faz planos. Quem gosta apresenta para a família e amigos. Quem gosta manda uma mensagem bobinha só pra dizer que ama. Quem gosta carrega uma foto sua dentro da carteira pra ver quando dá saudade. Quem gosta abraça na hora de dormir. Quem gosta dá um beijo de boa noite e de bom dia. Quem gosta aguenta suas reclamações, sua cólica infernal, suas manhas e manias.

Me desculpa, mas não existe medo que seja maior que um sentimento. Não existe timidez que seja mais forte que uma declaração de amor. Não existe distância que deixe uma relação morrer se as duas pessoas querem ficar coladinhas. Não existe estou-dividido-entre-ela-e-você. Quem gosta pode se perder, mas sempre vai saber pra onde quer voltar.


A gente demora pra aceitar, arruma novecentas desculpas para a falta de jeito do outro. Ah, ele é confuso. Ah, ele está tenso. Ah, ele tem medo. Ah, ele é maluco. Ah, ele isso. Ah, ele aquilo. Desculpa, mas quem quer estar junto pensa ah, que saudade. Ah, que falta ela me faz. Quem gosta, gosta. Sem complicações. Sem armações e armaduras.

Infelizmente, antes de seguir em frente tentamos interpretar as ações e atitudes da pessoa indecisa. Ele respondeu assim por tal motivo. Ele falou isso querendo dizer tal coisa. Ele isso, mas tenho certeza que ele aquilo. Quem gosta dá certeza do que sente. Quem gosta te olha com sinceridade. Quem gosta não faz joguinho nem te deixa pela metade. Quem gosta quer te deixar segura.


Por bem ou por mal, precisamos abandonar um sentimento que não traz nada de bom. Simples assim. Basta você se perguntar: é essa a vida que quero para mim? Eu mereço ser feliz? Eu mereço alguém que me ame? Eu mereço alguém que se importe? Eu mereço quem tenha certeza que me quer? Eu mereço ser amada?

O momento em que você percebe que o outro não te quer é mágico. A gente acorda, se sente nova, se sente livre. É claro que não se afoga um sentimento do dia para a noite. Mas a gente tenta preencher aqueles espaços com coisas novas: músicas diferentes, bons livros, trabalho, amigos, decoração da casa, um animal de estimação. Tudo serve para animar, renovar, encher a casa, a vida e preencher o tempo, costurar e remendar nossas feridas. É claro que vai doer, é claro que você vai sentir, é claro que o sentimento ainda vai latejar por um tempo. Mas a gente supera a partir do momento em que decide o que merece. 

 
(Clarissa Corrêa)

Coração Primaveril

  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...