segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sobre a Influência



"Uma boa influência é coisa que não existe (...) Porque exercer a nossa influência sobre alguém é darmos a própria alma. Esse alguém deixa de pensar com os pensamentos que lhe são inerentes, ou de se inflamar com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são reais. Os seus pecados - se é que os pecados existem - são emprestados. Tal pessoa passa a ser o eco da música de outrem, o ator de um papel que não foi escrito para si. O objetivo da vida é o nosso desenvolvimento pessoal. Compreender perfeitamente a nossa natureza. Hoje as pessoas temem-se a si próprias. Esqueceram o mais nobre de todos os deveres: o dever que cada um tem para consigo mesmo. É certo que não deixam de ser caritativos. Dão de comer aos que têm fome e vestem os pobres. Mas as suas almas andam famintas e nuas. A coragem desapareceu da nossa raça. Ou talvez nunca a tivéssemos tido.(...) Se um homem devesse viver a sua vida em toda a plenitude, dar forma a todos os sentimentos, expressão a todos os pensamentos, realidade a todos os sonhos, creio que o mundo ganharia um novo impulso de alegria que nos levaria a esquecer todos os males(...) Mas o mais ousado de todos nós teme-se a si mesmo. O selvagem mutilado que nós somos sobrevive tragicamente na auto-rejeição que frustra as nossas vidas. Somos punidos pelas nossas rejeições."

(Lord Henry, em O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

...aceso - vasto, vivo: meu coração é teu!



Na terra do coração passei o dia pensando - coração meu, meu coração. Pensei e pensei tanto que deixou de significar uma forma, um órgão, uma coisa. Ficou só com-cor, ação - repetido, invertido - ação, cor - sem sentido - couro, ação e não. Quis vê-lo, escapava. Batia e rebatia, escondido no peito. Então fechei os olhos, viajei. E como quem gira um caleidoscópio, vi:

Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.

Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável. Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Wu Wang, a Inocência. Mas tão manchado que talvez seja Ming I, o Obscurecimento da Luz. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.

Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se pôs. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco. Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: "Im too pure for you or anyone". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome. Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim!

Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama, me levam junto também. Faquir involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso.

Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração é teu.

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"...o teu ser é conjunto do meu, assim adoçamos a vida." (Caio Fernando Abreu)



"A tua beleza submerge-me, submerge o mais fundo de mim. 
E quando a tua beleza me queima, 
dissolvo-me como nunca, perante um homem, me dissolvera. 
De entre os homens eu era a diferente, era eu própria, 
mas em ti vejo a parte de mim que és tu. 
Sinto-te em mim. 
Sinto a minha própria voz tornar-se mais grave como se te tivesse bebido, 
como se cada parcela da nossa semelhança estivesse soldada pelo fogo
e a fissura não fosse detectável."

(Anaïs Nin)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Salvem as Mulheres!




O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana. Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha "Salvem as Mulheres!"
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

1. Habitat
Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

2. Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um "eu te amo" no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.

3. Flores
Também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.

4. Respeite a natureza
Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação? Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.

5. Não tolha a sua vaidade
É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar muitos sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Entenda tudo isso e apoie.

6. Cérebro feminino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.

Não faça sombra sobre ela
Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.
E meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire GAY.

Só tem mulher, quem pode!

(Luís Fernando Veríssimo)

"Menino, menino tenho uma enorme ternura por você e para mim é muito difícil isolar essa ternura da razão quando te escrevo..." (Caio Fernando Abreu)



"Quando se ama, acorda-se vestido para o milagre. 
Soltos pelo riso, nunca amarrados pelo grito."

(Fabrício Carpinejar)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um dia percebemos que o comum não nos atrai...



"Só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal. Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas... e, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento, tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro."

(Lou Andreas Salomé - A paixão viva)


*Em matéria de amor, submeter-se à mudanças forçosas não é o caminho. Porque por mais que seja isso o que o outro queira, você se tornará algo a imagem e semelhança dele, algo que ele já tem em si próprio, já conhece. E o amor não é justamente buscar algo de diferente, algo de novo para COMPLEMENTAR o seu mundo? Como se complementará com algo que já se tem? O ser humano gosta do desafio, da novidade. E ao se tornar exatamente o que o outro quer, ao se ceder, acaba-se com  a particulariedade de cada um. Vira um ciclo de se somente sugar o que o outro lhe traz, não se cria, não se surpreende, não se acrescenta mais um ao outro, fica tudo muito unilateral. Quem exige subjulga quem se modifica, e ninguém subsconscientemente ama quem é fraco, e assim torna-se desinteressante ao outro. Acaba-se o encanto e com isso o Amor! Como diria Nelson Rodrigues sejas interessante, sejas único! O resto vem por consequência! 

(Juliana Alves)

Nos seus olhos...



♪♫...Olhe nos meus olhos
E diga o que você
Vê quando eles vêem
Que você me vê

Olho nos seus olhos
E o que eu posso ler
Que eles ficam melhores
Quando eles me lêem

Eu leio as suas cartas
Eu vejo a letra
Meu Deus que homem forte
Que me contempla

Sou sua, mas não posso ser
Sou seu, mas ninguém pode saber
Amor eu te proíbo
De não me querer

Olho nos seus olhos
E sinto que você
Faz eles brilharem
Como astro rei

Olhe nos meus olhos
E o que você vai ver
Seu rosto iluminado
A lua de um além

Eu leio as suas asas
Borboletas
Meu Deus que linda imagem
Me atormenta

Sou seu mas eu não posso ser
Sou sua mas ninguém pode saber
Amor eu te proíbo
De não me querer... ♪♫
 
(Nando Reis)

Sorri-se

 


Quando disse na saída,
deixo meu sorriso
disse bem.
Até sorrir pra você
não vou sorrir pra mais ninguém,
também disse.
  O que se deixa é o que permanece.
Não esqueça essa sou eu,
que agora desapareceu.
E se mais não disse, é que sorria...
Um sorriso que ficasse,
para depois de ter ido
como se nunca partisse,
como se tudo existisse.
Ah! se eu soubesse..
Ah! se você me visse!

(Alice Ruiz)

Just Like Heaven


♪♫...You, soft and only
You,lost and lonely
You, strange as angels
Dancing in the deepest oceans
Twisting in the water
You’re just like a dream
You're just like a dream...♪♫
 
(Katie Melua)
 

Inteira





Não que eu esteja sorrindo por sorrir...
Acontece que eu assumi a felicidade.
Assumi o amor que domina os instintos mais puros da vida.
Se é bom viver conduzida por sentimentos que engrandecem, que assim seja!
Não...
Não é por um acaso o brilho em meu olhar...

É mesmo a ternura orvalhada
de esperança que me toma inteira!

(Cida Luz)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Embriagai-vos...



"É necessário estar sempre embriagado.
Tudo se reduz a isso; eis a única questão.
Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo,
que vos verga e inclina para a terra,
é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.
Contanto que vos embriagueis.
E se, porventura, nos degraus de um palácio,
na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, 
despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida,
perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo o que flui, a tudo o que geme, a tudo o que gira,
a tudo o que canta, a tudo o que fala,
perguntai-lhes que horas são;
e o vento, e a onda, e a estrela, e o pássaro, e o relógio,
hão de vos responder:
É hora de se embriagar-se!
Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas!
De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha."

(Charles Baudelaire) 


*Nada como um pouquinho de literatura gótica!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Porque a vida precisa de pele e cheiro e calor...



"É tão bom quando faz sol. Ainda mais quando é sexta-feira.
Gosto quando chove também, mas hoje precisava era de céu azul.
Tudo amanhece.
Vezenquando, é bom que não vire abraço e beijo e viva ali no Reino do Encantamento, para todo & sempre, amém.
Vezenquando, só.
Porque a vida precisa de pele e cheiro e calor e o tiquetaquear do coração do Outro junto do coração da gente."

(Briza Mulatinho)

O indescritível prazer da leitura...




"Às vezes sentava-me na rede,
balançando-me com o livro no colo,
sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro:
era uma mulher com seu amante.
"

(Clarice Lispector)

Indagações que não se calam na alma...




"Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.
Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias.
Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.
Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.

Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona."

(Ana Jácomo)

sábado, 22 de janeiro de 2011

...Porque Metade de mim é amor... E a outra também!



"Tudo em mim tem sido esta vontade de afagar.
Há tempos não me ocupo com outra coisa: em tudo que toco ou manuseio há o propósito de cura através do calor das minhas mãos.
Tudo em mim tem sido a necessidade de vivenciar profundamente.
Se as palavras têm estado ausentes, aceito este recolhimento delas.
E espero que voltem com um coração pulsando muito vivo dentro de cada uma.
Por isso a vontade de experienciar cada sensação plenamente antes de tentar decifrar organizando em textos o que tenho sentido.
Dentro dessa minha desaceleração, tenho descoberto muita coisa como, por exemplo, quão necessário é saber receber amor.
Deixar que tudo seja troca antes de ser um troféu.
Deixar que o caos se mantenha intacto antes que haja ajustes.
Ando muito comprometida com as essências.
E com um respeito súbito, a partir daí, pelas aparências.
Não vejo menores importâncias, vejo acontecimentos.
E tenho olhado pras coisas sem aquela grande gravidade.
Tudo em mim tem sido esta disposição para o amor.
E, se vocês pudessem me ver agora, veriam, existe caricia até no meu olhar."

(Marla de Queiroz)

Parece um Teorema...



♪♫ ...Parece um teorema sem ter demonstração. E parece que sempre termina... Mas não tem fim. ♪♫

O Eterno Retorno



"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"

(Friedrich Nietzsche)


*Às vezes penso que sou "vítima" desse Eterno Retorno, um ciclo que nunca se encerra, sempre as mesmas coisas, as mesmas pessoas, por mais que eu tente por um ponto final, tudo ressurge...  Sinto-me num daqueles sonhos que se repetem, você dorme e acorda e ele sempre é o mesmo, sempre continua... Você muda alguns figurantes, mas eles não perduram muito, os protagonistas são sempre os mesmos... Será que me fizeram a tal pergunta e eu escolhi reviver tudo sempre!? Só Deus pra saber!!!

Coração Primaveril

  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...