Mal se achegou novembro e já colho trigo, leite e mel, e sob
o calor amoroso das sensações frescas preparo a benesse que o próximo ano há de
frutificar.
Trago no peito a certeza que o que passou, agora já é pó,
nada, cinzas de um fulgor que fez somente enrijecer o que não consumiu.
Assim, sob a fresta de luz que me dá passagem ao novo
caminho, enfeito as janelas de novembro com sorrisos, cumprimento com o olhar
ávido o que me adentra ao peito sem pedir licença.
Que venha essa inocência renovada adoçar os lábios de minhas
preces e me prepare um verão no coração, acalentado por novos sonhos, infinitos
rumos e doces surpresas, enfurnados pela brisa suave de uma fé incansável na
beleza do porvir.
(Juliana Alves)