segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ruínas...



Depois de tempos decorridos, ao retornar a uma paisagem aridamente nostálgica...
Revisitei ruínas em mim, soprei a poeira fina acumulada sobre imagens esquecidas e quase palpei o corpo, muitas vezes, saudosamente aconchegado em meu cerne...
Ouvi sons longínquos, mas familiares... Antiga cantiga que embalava meus sonhos...
Senti o cheiro dos meus deleites, resgatando memórias e demoras...
Vaguei por cômodos lacrados, dedilhando paredes, procurando frestas para alguma lucidez...
Passagem pra alguma viagem de volta a um mundo perdido, dimensão idilicamente pintada nos confins do imaginario...

Pisei sobre cacos pontiagudos de sentimentos, que ainda, sob a incidência (insistência) de uma luz intermitente, se fazem diamantes, trancafiados num porão a sete chaves e negados como o mito de uma grande riqueza obscura.
Revi anjos de luz, mas também vultos já há muito turvos, desfigurados pela ausência e pelo abandono...
Dos anjos absorvi a paz do instante partilhado e das sombras, somente a lição do esmaecer ao esquecimento.
Parte de mim, ainda povoa essas ruínas e lhes sobrevive, a outra flutua e lança-se a um precipício (princípio) de coragem, a uma realidade acordada... Pois o novo sempre nos alcança, se entrega de (no) presente.
Nos desperta a fome de viver e a surpresa de saber-se sobrevivente à dor e à delícia de ser o que se é: gente de carne, osso e coração, mas revestida em armadura de amor, luz e fé...
Criatura a recriar-se sempre que a vida lhe pede uma pouco mais de calma, e muito mais alma!

 
(Juliana Alves)



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