quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Dos Diferentes Céus...


"Eu acho que há muitos céus, um céu para cada um. 
O meu céu não é igual ao seu. Porque céu é o lugar de reencontro com as coisas que a gente ama e o tempo nos roubou. No céu está guardado tudo aquilo que a memória amou..."


(Rubens Alves)


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Só...



Só deseja um amor saudável, quem já viveu uma paixão dilacerante. Porque a paixão corroía tudo por dentro até tirar o fôlego, mas até a dor parecia bonita: aquele único instante de felicidade com o Outro compensava os trezentos outros de infelicidade. 
Só deseja ter um dia tranquilo, sossegado, quem tem a intensidade à flor da pele, quem acorda suspirando a vida, devorando o dia, se lambuzando de tudo sem conseguir tocar nas coisas com a ponta dos dedos. Só deseja constantemente a companhia das palavras quem escreve. Para estas, o silêncio nunca é mudo, é sempre uma possibilidade. 
Só consegue vislumbrar a paz quem se investiga, quem tem Consciência do que deseja e pode ou não obter, quem aprendeu a lidar com o imediatismo. A escrita ensina a esperar, a escutar a letra da música e depois a melodia, juntas e separadas. A escutar a história do Outro sem fazer intervenções antes da conclusão. A compreender que os espertinhos são aqueles que sempre vão terminar levando uma rasteira da própria ingenuidade, porque perderam a inocência.
Só consegue acordar para a vida, quem viveu solitário e insone dentro de uma noite interminável e caminhou sonolento pelo resto do dia, quem perdeu o sol. Só consegue apreciar a nudez, quem não é vulgar. Quem percebe com naturalidade que um corpo é como uma árvore, que o seu ambiente é extensão do meio ambiente e que, juntos, ambos são um ambiente inteiro. 
Só julga acidamente os Outros o tempo todo quem é recalcado. Quem se aprisionou na ideia do que é ridículo e não consegue suportar um ser autêntico.  Só consegue ser irônico, quem é inteligente. Só consegue ser doce, quem já foi ferido e curado pela espiritualidade.
Só consegue o que quer os que têm desejos justos. E acreditam.



(Marla de Queiroz) 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Tempo de Outubro...


O tempo tem sido um mestre supremo, sempre bendizendo alegrias, enaltecendo belezas, prismando luzes em cores vivas no meu coração... No tratado pacífico que lhe fiz, a cláusula principal é que ambos só nos ajudaríamos. Ele com seus dedos de cura e elixir de felicidade fazem de mim seu molde, a argila ganhando forma, conforme o que ele me apresenta em sua sábia pontualidade. E eu, não mais o atravancaria em seu inexorável caminho, sob nenhuma circunstância o apressaria, sob o julgo tolo da urgência. O deixaria livre para cumprir com seu papel de apascentar meus sonhos, amadurecer de forma doce os meus frutos, e desabrochar os meus botões com tanto afinco cultivados, pois a paciência é o preço da perfeição.

E nessa exultação temporal, evoco: Que venha Outubro! Venha com a força das infinitas possibilidades e com a calmaria dos alentos, das esperanças do por vir... Venha com milhares de sorrisos, mastigando medos e alargando-se aos desejos sinceros do coração. Que venha bailando sobre ventos-preces espalhando a aurora da vida nas voltas, que as cordas do tempo-ventríloco fazem a Terra dar.

(Juliana Alves)


Coração Primaveril

  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...