sexta-feira, 8 de junho de 2012

De um inesperado olhar...



Não olhe assim, doce e profundamente, como se estivesse a despir meus olhos das vendas que os cerram da visão de outras possibilidades, outros rumos, outros mundos e personagens.

Não se preocupe e nem cuide de mim, de modo tão minucioso e cortês, eu que sou uma menina de ar tão orgulhoso, mas no fundo tão exausta de a próprio punho combater dragões e abrir trincheiras, caminhar estradas tão tortuosas e vãs.

Não, não faça derruir minha fortaleza, jogar por terra todas minhas insistentes defesas e me deixar ser invadida, derreter a geleira cristalina que faz redoma ao recôndito amoroso de meu coração.

Não, não me faça redescobrir que voar junto é mais gratificante que solitária, quando eu já havia me convencido (com enorme esforço) que pássaro selvagem que voa só é mais forte e audaz.

Não, por favor, não me faça ter uma nova fé, enxergar um oásis em meio ao deserto a tanto atravessado, tocar um manancial de luz e acreditar em contos de fadas reais. Que a vida pode sim ter outro enredo, mais feliz e apaixonante, escrito a quatro mãos...

Por clemência... Não me tire do chão que finquei as raízes de minhas certezas, se não for para mais uma vez tocar o céu que vislumbrei, quando pelo infinito de seus olhos viajei.

(Juliana Alves)

Um comentário:

  1. Linda poesia Juliana,porque o amor pode nos levar ao céu quando temos um amor para nos acompanhar.
    Você tem um lindo blog,adorei passar por aqui.
    um ótimo final de semana,abraço,=)

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Coração Primaveril

  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...