"Talvez seja melhor viverem seus conformismos,
seus medos e indecisões. Suas rasuras e atrasos, pois não há acréscimo
em viver do orgulho de não permitir-se; das frustrações daquele caminho
cujo os passos, não tocaram. Não há incerteza maior daquele sabor acre a
ficar na pauta de um rascunho que nunca ansiou ser esboçado. Essa
amarra que desbota o desaguar bonito das coisas que vem até
os lábios e delas voltam.
É lamentável ficar preso pelas escolhas e
represar amorosidades desse fluxo findado e entregue nas próprias mãos.
Nas batidas dessa Poesia a sacudir essas marés; do pedaço-inteiro que
sou, mesmo partida.
É angustiante também não se saber o que houve, do
telefone mudo, da mensagem pendente, da porta fechada, do horizonte
escuro, do sinal travado, da sensação de “expulsão” do beija-flor do
jardim. Daquela casa da Poesia, do Amor, da ternura, do que somos nós,
mesmo não sendo, além de algum sentimento ou estado de fato. Perdem o
tempo, quando na verdade o buscar das coisas e nuances, de certa forma,
se revela mesmo é no outro e para nós.
Por que sou daquelas que vivo minhas querências e incertezas também, mas eu arrisco e me inundo de verdades e sentimentos. E creio, que não seja fácil deixar a platéia. Nasci talhada pelo Amor, pelo desejo mútuo de completude, mesmo eu sendo metade, impermanência. Não aprendi a viver de marés, de estações. Aprendi a colorir minhas coragens e deixar aquela lágrima cair quando tiver de cair, e deixar meus sentimentos bem limpinhos, puros e despidos de qualquer vir-a-ser, para o hoje e não um amanhã.
Como sou feita de
cheganças me desfaço de armaduras quando a vida me propõe ser franca.
Por isso concedi as cartas, abrir as janelas de uma grandiosidade de
quem se olha nos olhos e confessa-se ...
E eu mesmo, não perdi nada, pincelei meus arco-íris com os tons concedidos e guardo o que de contemplativo foi e é... Sopram naquela janela colorida por sinal, a mesma brisa, o mesmo Amantes-amados, beijando as águas na maciez que agora lavo minhas mãos."
(Fernanda Fraga)
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