domingo, 6 de fevereiro de 2011

"O papel não vai ficar branco a partir daqui, e sim silencioso." (Oswaldo Montenegro)




Estátuas. Esfinges. Esculturas.
Guardar-nas-iam em seu peito de pedra,
Corações de Granito ainda aflitos?
Não se sabe. Não se há de saber. Daí reside sua maior sabedoria.

Ando observando estátuas. Invejando-as até.
Porque são de pedra.
Porque pedra é fria, porque pedra é dura. Porque pedra é dormência.
Impenetrável e sólida.
Petrificados os olhos, pétreo sonho moldado de aparências.
Imutável movimento das coisas fugidias.
Tudo guardado.
Encerrado na pedra.
Mudo e esquecido.
Longe o tempo dança suave em suas formas invisíveis.
Ando a estudar a arte de aprender com as estátuas a guardar a aflição.
Esquecida na pedra toda a dor que grita apunhalada.
Longe das asas. Intocada.
Encerrada na eternidade calada. Permanentemente no peito cravada com seu corte impune.
Muda para sempre.
Aguardarei como pedra que o tempo passe e envelheça a adaga esquecida no meu peito.
E por fim, tirar das estátuas o maior ensinamento: guardar dentro da pedra toda a consternação.

(Lia Araújo)

*Um dia viro estátua, viro pedra e tudo se resolve...

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