O que penso, falo. De repente, vez ou outra e por acaso, falo também o que não penso. Depois, me retifico ou tento.
O que sinto, digo sem muitas erudições. Proibido é dizer sem sentir ou sentir sem dizer. Tenho o coração na ponta da língua.
O que não aceito, reivindico. O que não gosto, reinvento. O que amo, reviro e revivo: peço mais.
O que faz bem aos ouvidos, deixo tocar até ensurdecer. As palavras doces, finjo que não entendo e peço pra repetir. Palavra bonita eu anoto.
O que penso de verdade, grito. O que penso ser suave, sussurro. Sussurro...
Do que é mais doído, me lembro até o fim da memória.
Bem gosto de expor meus exageros. É bom me parecer comigo.
Espio as miragens e, com elas, pauso a vida por alguns segundos.
O que me surpreende é o que me faz feliz. O que emociona tem sempre o gosto da primeira vez. Gosto desse gosto. Surpresa é doce.
(Silvia Prata)
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