terça-feira, 26 de julho de 2011

Saudade...



Sentimento dúbio...
Não se sabe se alento ou tormento.
Última subsistência dos corações,
Cujo ser amado desertou.

Vida paralela,
Lampejos do que partiu,
Mas não nos abandonou...
Mel e fel numa só sensação.

Eternidade dos amantes,
Dimensão em que se (re)vive,
O que lhe foi negado,
Interrompido contra a vontade
De uma parte...

Fez-se chaga aberta no coração,
Ígnea impressão,
Queimando a alma...

O desalento do nunca-mais.
Ausência sempre presente,
Desejo inconseqüente
Que acende e mitiga
Na impossibilidade da legitimidade.

O que fazer com a saudade?
Se ela me invade,
E não se esvai...

Embriaguez da vontade...
Sangue buscando a veia...
O que me faz perpétua.
Em poesia plena
Vou ansiando-lhe extrema.

O que fazer com essa voragem,
Do seu ser sempre perene...
Nessa minha alma amante?

Quando se instaura,
Saudade não tem cura,
Se faz na demora...
E só o tempo a muda,
Em tom e intensidade...

Insânia...
Retalhando a luz da minha palavra,
Clamo meu sangue, minha poesia,
Para que mesmo, embebida nesse inefável anseio...
Haja louvor e recompensa
Para a dedicação incansável de poeta.

Das dores se fazer magia,
E da saudade, fértil realidade
De infinitos cantares.
Já que o amor sempre está,
Muda-se somente a quem amar.

(Juliana Alves)

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