Sentimento dúbio...
Não se sabe se alento ou tormento.
Última subsistência dos corações,
Cujo ser amado desertou.
Vida paralela,
Lampejos do que partiu,
Mas não nos abandonou...
Mel e fel numa só sensação.
Eternidade dos amantes,
Dimensão em que se (re)vive,
O que lhe foi negado,
Interrompido contra a vontade
De uma parte...
Fez-se chaga aberta no coração,
Ígnea impressão,
Queimando a alma...
O desalento do nunca-mais.
Ausência sempre presente,
Desejo inconseqüente
Que acende e mitiga
Na impossibilidade da legitimidade.
O que fazer com a saudade?
Se ela me invade,
E não se esvai...
Embriaguez da vontade...
Sangue buscando a veia...
O que me faz perpétua.
Em poesia plena
Vou ansiando-lhe extrema.
O que fazer com essa voragem,
Do seu ser sempre perene...
Nessa minha alma amante?
Quando se instaura,
Saudade não tem cura,
Se faz na demora...
E só o tempo a muda,
Em tom e intensidade...
Insânia...
Retalhando a luz da minha palavra,
Clamo meu sangue, minha poesia,
Para que mesmo, embebida nesse inefável anseio...
Haja louvor e recompensa
Para a dedicação incansável de poeta.
Das dores se fazer magia,
E da saudade, fértil realidade
De infinitos cantares.
Já que o amor sempre está,
Muda-se somente a quem amar.
(Juliana Alves)
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