quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Do que não se pode negar...



Menino, como negar que em sua ausência não existe um vazio, maior que qualquer buraco negro, a vorar toda matéria-luz a minha volta?

Como negar que perto de você minha alma de tanto suspirar, flutua, cheia de levezas, ares sutis, versicolores, risos marulhados, eu - rio de água fresca, corrente desaguando a fluidez de nossas almas afins...  Você - oceano azul de meu sossego...

Como esconder o sorriso-sol refletido em minha face, gêmeo do seu, a iluminar meus dias, farol guiando minhas alegrias, de onde partem e pra onde voltam, nessa constante jornada do ir e vir... Norteia meus passos, aos galopes sonoros de meu coração, aos seus braços, laço que sela meu abrigo, para o qual sinto a urgência de regressar e de onde tenho a certeza que nunca deverei desertar...

Como não notar o confluir tão constante de pensamentos, que em suas órbitas subconscientes já se atraem, se fundem e sai de nossos lábios na forma de uma prece, prece da concordância, do conforto mútuo, confirmação da dialética vital tão minuciosamente semelhante, que causa um incomum estranhamento e tão sublime identificação...

Como manter distância sua, se sua ausência se faz tão presente quanto sua presença... Se minhas mãos tateiam a lacuna deixada por você, em busca nem que seja de sua remanescente lembrança num espaço-tempo paralelo... 

Onde já somos um, não há corpos, não há limites, nem separações... Somos a confirmação enérgica do cosmo de que o que foi conjecturado pelas sendas do destino, não cabe questionamentos, nem admiração... Cabe viver por inteiro, até o último suspiro... Que ao seu lado tenho certeza... Há de ser doce, há de ser leve!

(Juliana Alves)


terça-feira, 22 de novembro de 2011

"És presença. E mesmo quando és ausência, és muito mais do que saudade." (Caio Fernando Abreu)



Todos os dias, não sei ainda se a batalha é perdida (contra a saudade) ou vencida apesar dela... Como diria Humberto Gessinger: "É o fim do mundo todo dia da semana..." E eu queria saber o que escrever, como descrever o que aperta por dentro, e por vezes seca a nascente das palavras. 

E assim começo com um sopro, uma inspiração... A lembrança. O que ficou, eu que fiquei. Escrevo...

Além das vontades e da saudade que se acumulou sobre o silêncio desses dias, eu lhe digo: você faz falta... Falta do que sou quando estou contigo. De me saber mais quando está. Colo, abraço, cheiro, você...

Carinho no cabelo, no rosto, o cuidado comigo, meu mimo contigo. Do entrelaço das suas mãos a procura da outra parte que se encaixa. Do olhar candente, zelo recíproco, palavra sua. Sabor agridoce. Sensibilidade que se reveste em vestir azul do que fomos. Do deleite da maciez, do toque, do saber-se ali a qualquer hora, na urgência do matar a fome da presença...

A ausência sua ainda reflete nas partes que ficaram. No que foi vivido, sentido, falado, silenciado. Em nós. A poesia dos dois em um. Seu carinho e seus olhos que insistiam em entrar fundo nos meus. Reflexo, canção e o desejo de 'todas aquelas coisas boas'. Desejo sim, que nossas palavras possam somar doçuras e diluir o amargo que se fez desde então. Por isso, mesmo sem a inspiração do seu contato próximo, escrevo, rabisco essas mal traçadas linhas, pra não deixar nosso ideal se perder nas longas trilhas dessas estradas que nos separam....

Que você volte junto com a inteireza que sempre foi. Que a gente volte a ser dois. Um dia, no destino do querer de Deus...

Saiba moço: eu escrevo porque o incenso e os poemas primaveris tão nossos, amaciam ainda mais esse sentir. É quando me faço flor, lhe rego, lhe nutro e lhe acolho aqui. Dentro de mim...

(Juliana Alves)


sábado, 19 de novembro de 2011

Fumo


 
Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

(Florbela Espanca)

domingo, 13 de novembro de 2011

Muito prazer...


Eu não sou linear. Sou cheia de curvas e de becos... Cheia de ruas sem saída. Eu não sou uma pessoa terminada, ainda estou em fase de criação. Ainda estão, estou me aperfeiçoando, ainda posso ser melhor.

Eu existo, não sou produto. Nem tenho manual. Sou só coração. E sangue. E bato. E sangro. E como sangro! Não tenho começo. E não conheço meu fim. Sou só meio. Meio bonita, meio sincera, meio chata, meio ruim. E meio amor. A outra metade ainda é desconhecida.

Vivo aqui e ali, não vivo só em mim. Sou pedaços. E remendos. E feridas. Cheia de curativos. O mundo me parece eterno, mas todo dia se acaba um pouco, o que é tão muito, do legado corroído, do se perder do tempo que se faz escasso pro muito viver.

Sou beijos e abraços, risos e lágrimas. Quantas lágrimas! Sou vestidos, saltos - altos e em abismos, cabelo e maquiagem. Muita maquiagem. Sou quase mentira, mas sou de verdade.

Quis e quero. Mas não luto mais - não por ilusões, vivo apenas. Vivo uma vida que é minha, mas de outros também.

Quiseram decifrar-me, mas desistiram. Sou um dialeto antigo. Sou desconhecida... Sem tradução.

Minha vida é escrita. Eu a escrevo, para que outros leiam, devaneiem e apaguem. Sou reticências. Sou três pontos: sou o incompleto, o não-dito, o não-visto. Sou emoção. E ilusão. E tenho desejos. E como desejo! Sou prisão, e prisioneira das minhas próprias amarras, e das alheias, que nem me sabem a-prender.

As palavras a libertação. E me libertam. As palavras saem de mim, e eu que sou delas, me faço delas - em cada alelo um verso...
Todas juntas, são meu remédio... Meu coquetel, meu veneno. E meu antídoto. Anti-saudade. Anti-distâncias... Anti-solidão, anti-monotonia. Anti-ele. Anti-medo. Antídoto anti-todo amor que houve. Que não há. E se fazem também, nascente do rio, das águas do que há por vir...

(Juliana Alves)


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Das Inquietações



Atormenta-me o vazio alvo na folha, a pena esquecida e esse silêncio que aquieta.

Os versos me incendeiam a pele, escrevendo acrescento valores a minha vida, desperto em mim amores e sinto que esse pedaço crivado de papel abriga minha sanidade.

Os nomes não são importantes, os personagens que compõem minha vida são, às vezes loucos, outras santos, mas sempre requerem meu perdão por não revelá-los ao mundo.

O fundo branco destaca a profundidade dos meus pensamentos, outrora põe sentimentos em alto relevo... Pessoas que eu amei colorem a história da vida, andam a esmo através dos parágrafos e estacionando nas reticências próprias do destino.

Minhas mãos vazias são como a quimera ensandecida, há pressa em narrar o que a pele sente, o coração pulsa e o orgasmo lava...

Meus fetiches são elementos que tangem às linhas do seu corpo e de meus papéis, e em minha boca distraio o tempo com a alegre ficção infiel que não se espaça desse amor.

Tento me encontrar em você, nos mínimos movimentos e detalhes, enfrento a dificuldade de escrever sobre essa distância corpóreo-sentimental que, por vezes, sufoca, que abrasa o corpo e sangra pelos poros.

Minha palavra nunca silencia, nunca se entrega ao cansaço do corpo, desse coração que lateja sempre almejando mais.

A vaidade da palavra é parte do excesso dessa paixão que sobrevive nessa peregrinação de mãos, lábios e inspirações.

Ao escrever eu faço as minhas escolhas, influencio o encontro entre destino e verso, intensifico o Apolo disfarçando o que me desilude e refinando o que me excita. Isso reserva minha imaginação da realidade, vivo em outra dimensão, paralela a esse mundo, que foge da lucidez rotineira.

Palavras exaladas ao vento, derramadas nas páginas de modo que o superficial seja eliminado, o clichê morra asfixiado, atropelado pela métrica, pela poesia que nosso instante floresce.

Respiro outros ares, leio outros rostos, atinjo a imperfeição de se deixar entreter por outros objetos, e assim de forma romântica abdico de meu mundo por alguns instantes.

Para depois, febrilmente me debruçar nas páginas com o mesmo ímpeto que minhas mãos procuram seu corpo e meu olfato reconhece seu cheiro onde quer que eu vá.


(Juliana Alves)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Da repentina sensação



Aqui na aragem fria dessa noite de farta chuva e torrentes sensações, me encontro em incômoda situação, um imenso panapaná me atordoa o estômago... 
Penso que o número de borboletas vorando em mim é proporcional a agonia da saudade de agora, e a antecipada de tua ausência futura já prenunciada. 
Mais um obstáculo nos surpreende em mais uma imprevisível esquina da vida... Não sei se as peças desse mítico quebra-cabeça amoroso se encaixam ou se embaralham mais! Apesar do repentino medo, com sua obscura névoa querer mitigar a luz de minha confiança, tento manter a fé no laço feito por nossas almas... 
Laço que não aperta, traçado de forma voluntária por duas partes que em sua inteireza essencial se complementam nos sentimentos ternos despertados, pelo recíproco deleite da afim companhia, conversas, gostos, momentos e risos... 
A liberdade no âmbito desse vínculo consentido é o que de mais concreto nos prende... 
Não há distância para o elo das almas, pode ser aqui ou acolá, tenho certeza que nossa ligação, por desdobramento divino continua a se consolidar. 
Amor tem disso, só vale a pena se for sorvido até a última gota, intensamente vivido em suas voltas e reviravoltas... 
E eu, mesmo aqui distante, não importa o nó que a vida dê em sua trilha, o coração sempre desata... 
A te amar! 

(Juliana Alves)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

7º Selinho



Mais um selinho super especial que ganhei da Daline - Que seja leve... 


1.Qual o estilo musical com o qual você se identificar? 
Sou bem eclética, curto de tudo um pouco, mas o rock clássico, aquele mais antigo é o que mais me desperta interesse, os rifs de guitarra são ainda os que mais me fazem arrepiar e palpitar o coração. 


2.Diz três coisas que te faz feliz.
Estar com meus amigos, escrever e ouvir música. 

 3.Três coisas que te deixa triste.
Mentira, Traição e Desamor de qualquer espécie entre as pessoas. 


4. Algo a conseguir.
Passar em um bom concurso público. 


5. Dê um conselho a si mesmo(a).
Paciência com o que não está resolvido em seu coração e em sua vida! As coisas só acontecem quando estamos preparados pra que aconteçam, pra recebê-las em nossas vidas. Galgue cada degrau por vez e quando menos esperar estará no topo! 


6.Passe o selo a três blogs. 

Coração Primaveril

  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...