Menino, como negar que em sua ausência não existe um
vazio, maior que qualquer buraco negro, a vorar toda matéria-luz a minha volta?
Como negar que perto de você minha alma de tanto suspirar,
flutua, cheia de levezas, ares sutis, versicolores, risos marulhados, eu - rio
de água fresca, corrente desaguando a fluidez de nossas almas afins... Você - oceano azul de meu sossego...
Como esconder o sorriso-sol refletido em minha face, gêmeo
do seu, a iluminar meus dias, farol guiando minhas alegrias, de onde partem e pra
onde voltam, nessa constante jornada do ir e vir... Norteia meus passos, aos
galopes sonoros de meu coração, aos seus braços, laço que sela meu abrigo, para o
qual sinto a urgência de regressar e de onde tenho a certeza que nunca deverei desertar...
Como não notar o confluir tão constante de pensamentos,
que em suas órbitas subconscientes já se atraem, se fundem e sai de nossos lábios
na forma de uma prece, prece da concordância, do conforto mútuo, confirmação da
dialética vital tão minuciosamente semelhante, que causa um incomum estranhamento
e tão sublime identificação...
Como manter distância
sua, se sua ausência se faz tão presente quanto sua presença... Se minhas mãos
tateiam a lacuna deixada por você, em busca nem que seja de sua remanescente lembrança
num espaço-tempo paralelo...
Onde já somos um, não há corpos, não há limites,
nem separações... Somos a confirmação enérgica do cosmo de que o que foi conjecturado
pelas sendas do destino, não cabe questionamentos, nem admiração... Cabe viver
por inteiro, até o último suspiro... Que ao seu lado tenho certeza... Há de ser
doce, há de ser leve!
(Juliana Alves)
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