Minha alma é sempre um verso, nas palavras me satisfaço, me entrego e me esmero, porque são de palavras o meu UniVERSO! VIVER é a coisa mais rara do mundo, algumas pessoas apenas existem…
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
Eu não sei por quanto tempo eu tenho ainda que esperar...
♫♪...Tanto tempo longe de você
Quero ao menos lhe falar
A distância não vai impedir
Meu amor de lhe encontrar
Cartas já não adiantam mais
Quero ouvir a sua voz
Vou telefonar dizendo
Que eu estou quase morrendo
De saudade de você
Eu te amo, eu te amo, eu te amo...♫♪
Quero ao menos lhe falar
A distância não vai impedir
Meu amor de lhe encontrar
Cartas já não adiantam mais
Quero ouvir a sua voz
Vou telefonar dizendo
Que eu estou quase morrendo
De saudade de você
Eu te amo, eu te amo, eu te amo...♫♪
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
De Longe Te Hei de Amar
De longe te hei de amar
- da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.
Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.
Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?
E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.
(Cecília Meireles, in 'Canções')
- da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.
Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.
Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?
E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.
(Cecília Meireles, in 'Canções')
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Do que não se pode negar...
Menino, como negar que em sua ausência não existe um
vazio, maior que qualquer buraco negro, a vorar toda matéria-luz a minha volta?
Como negar que perto de você minha alma de tanto suspirar,
flutua, cheia de levezas, ares sutis, versicolores, risos marulhados, eu - rio
de água fresca, corrente desaguando a fluidez de nossas almas afins... Você - oceano azul de meu sossego...
Como esconder o sorriso-sol refletido em minha face, gêmeo
do seu, a iluminar meus dias, farol guiando minhas alegrias, de onde partem e pra
onde voltam, nessa constante jornada do ir e vir... Norteia meus passos, aos
galopes sonoros de meu coração, aos seus braços, laço que sela meu abrigo, para o
qual sinto a urgência de regressar e de onde tenho a certeza que nunca deverei desertar...
Como não notar o confluir tão constante de pensamentos,
que em suas órbitas subconscientes já se atraem, se fundem e sai de nossos lábios
na forma de uma prece, prece da concordância, do conforto mútuo, confirmação da
dialética vital tão minuciosamente semelhante, que causa um incomum estranhamento
e tão sublime identificação...
Como manter distância
sua, se sua ausência se faz tão presente quanto sua presença... Se minhas mãos
tateiam a lacuna deixada por você, em busca nem que seja de sua remanescente lembrança
num espaço-tempo paralelo...
Onde já somos um, não há corpos, não há limites,
nem separações... Somos a confirmação enérgica do cosmo de que o que foi conjecturado
pelas sendas do destino, não cabe questionamentos, nem admiração... Cabe viver
por inteiro, até o último suspiro... Que ao seu lado tenho certeza... Há de ser
doce, há de ser leve!
(Juliana Alves)
terça-feira, 22 de novembro de 2011
"És presença. E mesmo quando és ausência, és muito mais do que saudade." (Caio Fernando Abreu)
Todos os dias, não sei ainda se a batalha é perdida (contra a saudade) ou vencida apesar dela... Como diria Humberto Gessinger: "É o fim do mundo todo dia da semana..." E eu queria saber o que escrever, como descrever o que aperta por dentro, e por vezes seca a nascente das palavras.
E assim começo com um sopro, uma inspiração... A lembrança. O que ficou, eu que fiquei. Escrevo...
Além das vontades e da saudade que se acumulou sobre o silêncio desses dias, eu lhe digo: você faz falta... Falta do que sou quando estou contigo. De me saber mais quando está. Colo, abraço, cheiro, você...
Carinho no cabelo, no rosto, o cuidado comigo, meu mimo contigo. Do entrelaço das suas mãos a procura da outra parte que se encaixa. Do olhar candente, zelo recíproco, palavra sua. Sabor agridoce. Sensibilidade que se reveste em vestir azul do que fomos. Do deleite da maciez, do toque, do saber-se ali a qualquer hora, na urgência do matar a fome da presença...
A ausência sua ainda reflete nas partes que ficaram. No que foi vivido, sentido, falado, silenciado. Em nós. A poesia dos dois em um. Seu carinho e seus olhos que insistiam em entrar fundo nos meus. Reflexo, canção e o desejo de 'todas aquelas coisas boas'. Desejo sim, que nossas palavras possam somar doçuras e diluir o amargo que se fez desde então. Por isso, mesmo sem a inspiração do seu contato próximo, escrevo, rabisco essas mal traçadas linhas, pra não deixar nosso ideal se perder nas longas trilhas dessas estradas que nos separam....
Que você volte junto com a inteireza que sempre foi. Que a gente volte a ser dois. Um dia, no destino do querer de Deus...
Saiba moço: eu escrevo porque o incenso e os poemas primaveris tão nossos, amaciam ainda mais esse sentir. É quando me faço flor, lhe rego, lhe nutro e lhe acolho aqui. Dentro de mim...
(Juliana Alves)
sábado, 19 de novembro de 2011
Fumo
Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!
Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...
(Florbela Espanca)
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!
Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...
(Florbela Espanca)
domingo, 13 de novembro de 2011
Muito prazer...
Eu não sou linear. Sou cheia de curvas e de becos... Cheia de ruas sem saída. Eu não sou uma pessoa terminada, ainda estou em fase de criação. Ainda estão, estou me aperfeiçoando, ainda posso ser melhor.
Eu existo, não sou produto. Nem tenho manual. Sou só coração. E sangue. E bato. E sangro. E como sangro! Não tenho começo. E não conheço meu fim. Sou só meio. Meio bonita, meio sincera, meio chata, meio ruim. E meio amor. A outra metade ainda é desconhecida.
Vivo aqui e ali, não vivo só em mim. Sou pedaços. E remendos. E feridas. Cheia de curativos. O mundo me parece eterno, mas todo dia se acaba um pouco, o que é tão muito, do legado corroído, do se perder do tempo que se faz escasso pro muito viver.
Sou beijos e abraços, risos e lágrimas. Quantas lágrimas! Sou vestidos, saltos - altos e em abismos, cabelo e maquiagem. Muita maquiagem. Sou quase mentira, mas sou de verdade.
Quis e quero. Mas não luto mais - não por ilusões, vivo apenas. Vivo uma vida que é minha, mas de outros também.
Quiseram decifrar-me, mas desistiram. Sou um dialeto antigo. Sou desconhecida... Sem tradução.
Minha vida é escrita. Eu a escrevo, para que outros leiam, devaneiem e apaguem. Sou reticências. Sou três pontos: sou o incompleto, o não-dito, o não-visto. Sou emoção. E ilusão. E tenho desejos. E como desejo! Sou prisão, e prisioneira das minhas próprias amarras, e das alheias, que nem me sabem a-prender.
As palavras a libertação. E me libertam. As palavras saem de mim, e eu que sou delas, me faço delas - em cada alelo um verso...
Todas juntas, são meu remédio... Meu coquetel, meu veneno. E meu antídoto. Anti-saudade. Anti-distâncias... Anti-solidão, anti-monotonia. Anti-ele. Anti-medo. Antídoto anti-todo amor que houve. Que não há. E se fazem também, nascente do rio, das águas do que há por vir...
(Juliana Alves)
Eu existo, não sou produto. Nem tenho manual. Sou só coração. E sangue. E bato. E sangro. E como sangro! Não tenho começo. E não conheço meu fim. Sou só meio. Meio bonita, meio sincera, meio chata, meio ruim. E meio amor. A outra metade ainda é desconhecida.
Vivo aqui e ali, não vivo só em mim. Sou pedaços. E remendos. E feridas. Cheia de curativos. O mundo me parece eterno, mas todo dia se acaba um pouco, o que é tão muito, do legado corroído, do se perder do tempo que se faz escasso pro muito viver.
Sou beijos e abraços, risos e lágrimas. Quantas lágrimas! Sou vestidos, saltos - altos e em abismos, cabelo e maquiagem. Muita maquiagem. Sou quase mentira, mas sou de verdade.
Quis e quero. Mas não luto mais - não por ilusões, vivo apenas. Vivo uma vida que é minha, mas de outros também.
Quiseram decifrar-me, mas desistiram. Sou um dialeto antigo. Sou desconhecida... Sem tradução.
Minha vida é escrita. Eu a escrevo, para que outros leiam, devaneiem e apaguem. Sou reticências. Sou três pontos: sou o incompleto, o não-dito, o não-visto. Sou emoção. E ilusão. E tenho desejos. E como desejo! Sou prisão, e prisioneira das minhas próprias amarras, e das alheias, que nem me sabem a-prender.
As palavras a libertação. E me libertam. As palavras saem de mim, e eu que sou delas, me faço delas - em cada alelo um verso...
Todas juntas, são meu remédio... Meu coquetel, meu veneno. E meu antídoto. Anti-saudade. Anti-distâncias... Anti-solidão, anti-monotonia. Anti-ele. Anti-medo. Antídoto anti-todo amor que houve. Que não há. E se fazem também, nascente do rio, das águas do que há por vir...
(Juliana Alves)
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Das Inquietações
Atormenta-me o vazio alvo na folha, a pena esquecida e
esse silêncio que aquieta.
Os versos me incendeiam a pele, escrevendo acrescento valores a minha vida, desperto em mim amores e sinto que esse pedaço crivado de papel abriga minha sanidade.
Os nomes não são importantes, os personagens que compõem minha vida são, às vezes loucos, outras santos, mas sempre requerem meu perdão por não revelá-los ao mundo.
O fundo branco destaca a profundidade dos meus pensamentos, outrora põe sentimentos em alto relevo... Pessoas que eu amei colorem a história da vida, andam a esmo através dos parágrafos e estacionando nas reticências próprias do destino.
Minhas mãos vazias são como a quimera ensandecida, há pressa em narrar o que a pele sente, o coração pulsa e o orgasmo lava...
Meus fetiches são elementos que tangem às linhas do seu corpo e de meus papéis, e em minha boca distraio o tempo com a alegre ficção infiel que não se espaça desse amor.
Tento me encontrar em você, nos mínimos movimentos e detalhes, enfrento a dificuldade de escrever sobre essa distância corpóreo-sentimental que, por vezes, sufoca, que abrasa o corpo e sangra pelos poros.
Minha palavra nunca silencia, nunca se entrega ao cansaço do corpo, desse coração que lateja sempre almejando mais.
A vaidade da palavra é parte do excesso dessa paixão que sobrevive nessa peregrinação de mãos, lábios e inspirações.
Ao escrever eu faço as minhas escolhas, influencio o encontro entre destino e verso, intensifico o Apolo disfarçando o que me desilude e refinando o que me excita. Isso reserva minha imaginação da realidade, vivo em outra dimensão, paralela a esse mundo, que foge da lucidez rotineira.
Palavras exaladas ao vento, derramadas nas páginas de modo que o superficial seja eliminado, o clichê morra asfixiado, atropelado pela métrica, pela poesia que nosso instante floresce.
Respiro outros ares, leio outros rostos, atinjo a imperfeição de se deixar entreter por outros objetos, e assim de forma romântica abdico de meu mundo por alguns instantes.
Para depois, febrilmente me debruçar nas páginas com o mesmo ímpeto que minhas mãos procuram seu corpo e meu olfato reconhece seu cheiro onde quer que eu vá.
Os versos me incendeiam a pele, escrevendo acrescento valores a minha vida, desperto em mim amores e sinto que esse pedaço crivado de papel abriga minha sanidade.
Os nomes não são importantes, os personagens que compõem minha vida são, às vezes loucos, outras santos, mas sempre requerem meu perdão por não revelá-los ao mundo.
O fundo branco destaca a profundidade dos meus pensamentos, outrora põe sentimentos em alto relevo... Pessoas que eu amei colorem a história da vida, andam a esmo através dos parágrafos e estacionando nas reticências próprias do destino.
Minhas mãos vazias são como a quimera ensandecida, há pressa em narrar o que a pele sente, o coração pulsa e o orgasmo lava...
Meus fetiches são elementos que tangem às linhas do seu corpo e de meus papéis, e em minha boca distraio o tempo com a alegre ficção infiel que não se espaça desse amor.
Tento me encontrar em você, nos mínimos movimentos e detalhes, enfrento a dificuldade de escrever sobre essa distância corpóreo-sentimental que, por vezes, sufoca, que abrasa o corpo e sangra pelos poros.
Minha palavra nunca silencia, nunca se entrega ao cansaço do corpo, desse coração que lateja sempre almejando mais.
A vaidade da palavra é parte do excesso dessa paixão que sobrevive nessa peregrinação de mãos, lábios e inspirações.
Ao escrever eu faço as minhas escolhas, influencio o encontro entre destino e verso, intensifico o Apolo disfarçando o que me desilude e refinando o que me excita. Isso reserva minha imaginação da realidade, vivo em outra dimensão, paralela a esse mundo, que foge da lucidez rotineira.
Palavras exaladas ao vento, derramadas nas páginas de modo que o superficial seja eliminado, o clichê morra asfixiado, atropelado pela métrica, pela poesia que nosso instante floresce.
Respiro outros ares, leio outros rostos, atinjo a imperfeição de se deixar entreter por outros objetos, e assim de forma romântica abdico de meu mundo por alguns instantes.
Para depois, febrilmente me debruçar nas páginas com o mesmo ímpeto que minhas mãos procuram seu corpo e meu olfato reconhece seu cheiro onde quer que eu vá.
(Juliana Alves)
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Da repentina sensação
Aqui na aragem fria dessa noite de
farta chuva e torrentes sensações, me encontro em incômoda situação, um
imenso panapaná me atordoa o estômago...
Penso que o número de borboletas vorando em mim é proporcional a agonia da saudade de agora, e a antecipada de tua ausência futura já prenunciada.
Penso que o número de borboletas vorando em mim é proporcional a agonia da saudade de agora, e a antecipada de tua ausência futura já prenunciada.
Mais um obstáculo nos surpreende em mais
uma imprevisível esquina da vida... Não sei se as peças desse mítico quebra-cabeça
amoroso se encaixam ou se embaralham mais! Apesar do repentino medo, com sua obscura névoa
querer mitigar a luz de minha confiança, tento manter a fé no laço feito por nossas
almas...
Laço que não aperta, traçado de forma voluntária por duas partes que em sua inteireza essencial se
complementam nos sentimentos ternos despertados, pelo recíproco deleite da afim
companhia, conversas, gostos, momentos e risos...
A liberdade no âmbito desse vínculo consentido
é o que de mais concreto nos prende...
Não há distância para o elo das almas, pode ser aqui ou
acolá, tenho certeza que nossa ligação, por desdobramento divino continua a se consolidar.
Amor tem
disso, só vale a pena se for sorvido até a última gota, intensamente vivido em suas voltas e
reviravoltas...
E eu, mesmo aqui distante, não importa o nó que a vida dê em sua trilha,
o coração sempre desata...
A te amar!
(Juliana Alves)
(Juliana Alves)
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
7º Selinho
Mais um selinho super especial que ganhei da Daline - Que seja leve...
1.Qual o estilo musical com o qual você se identificar?
Sou
bem eclética, curto de tudo um pouco, mas o rock clássico, aquele mais
antigo é o que mais me desperta interesse, os rifs de guitarra são ainda
os que mais me fazem arrepiar e palpitar o coração.
2.Diz três coisas que te faz feliz.
Estar com meus amigos, escrever e ouvir música.
2.Diz três coisas que te faz feliz.
Estar com meus amigos, escrever e ouvir música.
3.Três coisas que te deixa triste.
Mentira, Traição e Desamor de qualquer espécie entre as pessoas.
4. Algo a conseguir.
4. Algo a conseguir.
Passar em um bom concurso público.
5. Dê um conselho a si mesmo(a).
Paciência
com o que não está resolvido em seu coração e em sua vida! As coisas só
acontecem quando estamos preparados pra que aconteçam, pra recebê-las
em nossas vidas. Galgue cada degrau por vez e quando menos esperar
estará no topo!
6.Passe o selo a três blogs.
6.Passe o selo a três blogs.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Da poesia anônima da vida...
Passa tudo isso, e nada de tudo isso me diz nada, tudo é alheio ao meu
destino, alheio, até, ao destino próprio — inconsciência, carambas ao
despropósito quando o acaso deita pedras, ecos de vozes incógnitas —
salada coletiva da vida.
Mas o contraste não me esmaga — liberta-me; e a ironia que há nele é sangue meu. O que deveria humilhar-me é a minha bandeira, que desfraldo; e o riso com que deveria rir de mim, é um clarim com que saúdo e gero uma alvorada em que me faço.
A glória noturna de ser grande não sendo nada! A majestade sombria de esplendor desconhecido… E sinto, de repente, o sublime do monge no ermo, e do eremita no retiro, inteirado da substância do Cristo nas pedras e nas cavernas do afastamento do mundo.
E na mesa do meu quarto absurdo, reles, empregado e anônimo, escrevo palavras como a salvação da alma e douro-me do poente impossível de montes altos vastos e longínquos, da minha estátua recebida por prazeres, e do anel de renúncia em meu dedo evangélico, jóia parada do meu desdém extático.
Vivo mais porque vivo maior. Sinto na minha pessoa uma força religiosa, uma espécie de oração, uma semelhança de clamor. Mas a reação contra mim desce-me da inteligência… Vejo-me (...), assisto-me com sono; olho, sobre o papel meio escrito... Aqui eu, a interpelar a vida!, a dizer o que as almas sentem!, a fazer prosa como os gênios e os célebres! Aqui, eu, assim!…
(O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa)
Mas o contraste não me esmaga — liberta-me; e a ironia que há nele é sangue meu. O que deveria humilhar-me é a minha bandeira, que desfraldo; e o riso com que deveria rir de mim, é um clarim com que saúdo e gero uma alvorada em que me faço.
A glória noturna de ser grande não sendo nada! A majestade sombria de esplendor desconhecido… E sinto, de repente, o sublime do monge no ermo, e do eremita no retiro, inteirado da substância do Cristo nas pedras e nas cavernas do afastamento do mundo.
E na mesa do meu quarto absurdo, reles, empregado e anônimo, escrevo palavras como a salvação da alma e douro-me do poente impossível de montes altos vastos e longínquos, da minha estátua recebida por prazeres, e do anel de renúncia em meu dedo evangélico, jóia parada do meu desdém extático.
Vivo mais porque vivo maior. Sinto na minha pessoa uma força religiosa, uma espécie de oração, uma semelhança de clamor. Mas a reação contra mim desce-me da inteligência… Vejo-me (...), assisto-me com sono; olho, sobre o papel meio escrito... Aqui eu, a interpelar a vida!, a dizer o que as almas sentem!, a fazer prosa como os gênios e os célebres! Aqui, eu, assim!…
(O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa)
domingo, 30 de outubro de 2011
Do que sou
Escreverás meu nome com todas as letras,
com todas as datas
— e não serei eu.
— e não serei eu.
Repetirás o que me ouviste,
o que leste de mim, e mostrarás meu retrato
— e nada disso serei eu.
— e nada disso serei eu.
Dirás coisas imaginárias,
invenções sutis, engenhosas teorias
— e continuarei ausente.
invenções sutis, engenhosas teorias
— e continuarei ausente.
Somos uma difícil unidade,
de muitos instantes mínimos
— isso serei eu.
de muitos instantes mínimos
— isso serei eu.
Mil fragmentos somos, em jogo misterioso,
aproximamo-nos e afastamo-nos, eternamente.
— Como me poderão encontrar?
aproximamo-nos e afastamo-nos, eternamente.
— Como me poderão encontrar?
Novos e antigos todos os dias,
transparentes e opacos, segundo o giro da luz
— nós mesmos nos procuramos.
transparentes e opacos, segundo o giro da luz
— nós mesmos nos procuramos.
E por entre as circunstâncias fluímos,
leves e livres como a cascata pelas pedras.
— Que mortal nos poderia prender?
leves e livres como a cascata pelas pedras.
— Que mortal nos poderia prender?
(Cecília Meireles)
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Do meu expressar
Nesse mundo de muitos brados, e também de muitos omissos...
Sou mais uma alma inquieta, instrumento de poderosas divindades sonoras, estas que já me tomam de abrupto, conectam-se em meu intelecto, falam ao coração, contagiam o corpo, movem mãos, e jorram grafadas assim, na tela do mundo: rede de intrigas, antagônicos interesses...
De vozes ora eloqüentes, ora silentes, muitas vezes subservientes a escrita, que grita no vazio, no remanso de um silêncio, auscultado mais que aguerridos manifestos de muitas multidões...
Todas vozes juntas em escritos, carregados de paixão, dor, fúria, decepção, ternura, indignação, revolta, arte em toda forma de sensação.
Febril é meu estado, quando percorrem minhas veias... Teu alfabeto já trilha em meu DNA, abrasa-me revelando-me o caminho das pedras, e nada posso fazer, me entrego e sou consumida, de alma cinzelada e lavada às tuas vontades...
Deusa palavra, indubitável é seu poder, de abalar, comover, exaltar belezas, exprimir o que não se pôde suprimir perante a ausência, o branco do nada poder se fazer, nada dizer ou por vezes do demasiado querer...
Através de três pontos que seja, mas que ganhe visão, interpretação num mundo que apenas um já se faz fim de linha ou ponto de partida, dependendo do bom entendedor.
Oráculo, meu vocábulo, me redija o futuro, dessas mal traçadas linhas... Incipiente, escrevo hoje pra me satisfazer, ou será pra total deleite alheio? Qual será minha real missão?
Não sei onde irei, por quanto e para tanto meus escritos servirão, mas enquanto de súbito assim me invadir, fechando minhas vias, deixando livre e veemente apenas minha destra, prometo servir-te de todo grado, pois rege minha vida e minha dita, sou torrente de palavras a desaguar o mar dos teus anseios.
(Juliana Alves)
domingo, 16 de outubro de 2011
Sobre o cuidado
Eu vi: cuidado é um presente. Dádiva. Zelo. O encontro de duas almas, uma disposta e uma outra nem tão entregue, nem tão liberta, mas muito precisa. Cuidado é um alongar de brechas, um olhar que repousa, um abraço que descansa, uma noite mal dormida. Uma palavra muda que esgarça o seu bordado de silêncio mais compreensivo e revelador. Um nó na garganta caindo por terra. Uma mão aniquilando ansiedades.
Não estou falando daquele cuidado enfeitado, planejado, cheio de compromissos. Não estou falando daquele cuidado matemático que calcula os nossos pontos fracos, que nos conta a demora desse estar-dentro-do-outro. Estou falando do cuidado que é próprio, sem tantas ideias, que corre à frente dos relógios, daquele que rompe a nossa preguiça. Estou falando de um cuidado que não anuncia a sua valentia e busca - e que não é menos forte por isso.
E penso, no cuidado que não nasce com algumas gentes. No cuidado que em muitos, é lacuna. Penso no cuidado estreitado, raro, nunca vivenciado. No cuidado que não se mostra, tampouco se despe para os seus escolhidos. É que, assim como o amor, o cuidado só corre bem quando é entrega, quando é o outro dentro da gente, quando é a possibilidade de uma calmaria, uma intuição bem resolvida, um esclarecimento.
Cuidado não é uma tentativa. Não é uma válvula de escape. Cuidado é poesia pronta que nos conta novas saídas. É inaugurar sóis dentro do outro em dias feitos de chuva. Dispensando a avareza no partilhar dos naufrágios já acalmados, cuidar é ofertar ao outro um barco nunca antes usado, um abraço nunca antes pertencido.
Cuidado é recomeço para dois ou mais sorrisos.
(Priscila Rôde)
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Brincar de Relembrar
É hora da brincadeira começar!
Dia de reviver aquela áurea lambança
De quem um dia já foi infante...
Criança travessa, pé de moleque chutando bola,
Soltando pipa, liberdade com cheiro de vento,
Asas de passarinho batendo no peito...
Pião de traquinagens rodando na imaginação,
Ingênua e extraordinária como uma bolha de sabão!
Menina meiga, de laço no cabelo a embalar sonhos
Sob forma de boneca, ao som das cantigas de roda...
Carrossel de ilusões pensadas, futuras realidades
no espelho mágico dos contos de fadas... De Algodão doce
são as paredes do mundo das eternas princesas.
Criança de olhar cativante, alma com perfume de céu!
Renovando os ares dessa terra de gigantes,
com um simples piscar, descortina um universo
cheio de fantasias, que nós depois de grandes feitos
Não mais conseguimos vislumbrar!
(Juliana Alves)
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Rem Effugere
Abro os olhos, a janela ao fundo anuncia, se fez dia...
Ouço o murmurar... Em lágrimas declina
a inabalável água resignada dos céus...
Vislumbro matizes gris cinzelando o cenário,
Absorta nostalgia de aragem fria...
Mas nada me aflige...
Diante de mim noto, soerguido,
O marmóreo Atlas, imponente anteparo
Minuciosamente esculpido
Sob a forma humana de enérgico ser amante.
Fito, enternecida, aquele corpo por mim tangível...
És meu templo... Intensa, a ti escavo,
Amoldo-me em teu cerne...
Forjando-o aconchegante abrigo,
Escudo que espaça qualquer realidade adversa,
pois em ti, adentro em onírica dimensão...
Teus fortes braços, colunas dóricas
que ao meu mundo sustenta...
Simbiose de trepadeira e madeira,
Abarca-me todo o corpo,
envolvida não mais sou una.
Nutrimo-nos da seiva latente,
amor circulante em nossas veias...
Magnetismo que impele ao toque,
Beijos crepitando como brasas, encaixe perfeito...
Antológico quebra cabeça do cosmo.
Lá fora continua frio, mas dentro...
Não sei se de mim ou do nosso santuário,
a fogueira do estupor em minha sede arde...
Dos teus olhos abrasa a real aurora,
Tu, em teu todo: corpo e alma, manancial de deleite...
Eu, coração: lareira em chamas a exaurir calor...
Nós, poesia dos deuses... Gáia e Atlas compactuando
A Energia vital da existência...
Enquanto lá fora, deságua o mundo.
(Juliana Alves)
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Da chama interna...
Escrevo para alimentar fornalhas internas...
Cada detalhe, do material ao imaginário, é potencial substrato
a ser transformado pela chama da inspiração,
Cada detalhe, do material ao imaginário, é potencial substrato
a ser transformado pela chama da inspiração,
que ao passar pelo crivo do dom (nato ou adquirido),
resulta no pão diário da vida: Poesia!
(Juliana Alves)
(Juliana Alves)
sábado, 1 de outubro de 2011
Do Raro Amor
O amor que carrego no peito é um amor incomum...
Amor desinteressado, amor em extinção, pela material ambição ainda não contaminado.
Amor que nasceu do companheirismo, da amizade, da beleza um do outro, de dentro pra fora... Floriu em essência, e nela se fortalece.
É aquele que ama cuidar... Cuida de um corpo surrado, de uma alma ferida, ou de um ser amante desiludido... Ou mesmo de todas essas chagas combinadas, ou até de um coração que só requer carinho.
Meu amor é distinto, porque é um amor perene, não tem prazo de validade. Sobreviveu a períodos de seca, a grandes tempestades, até à gélida sensação do desamor.
Mas, como guerreiro nato das intempéries, persevera e só se doa, só acolhe, dá colo e recolhe o que há de melhor...
Mima o ser amado, porque se fundamenta em também ser mimado, em carinhos molhados...
Saciando a sede do toque, do retoque dos beijos, salivados pela ânsia brotada na emoção da presença partilhada.
Como função, tem agradar o ser almejado, o faz sentir o máximo desejado, amado com todo o cuidado de uma preciosidade!
E no realejo do roçar das peles e palpitações cordiais, ao se notar o deleite alheio, se farta pelo satisfeito...
Quanto mais espalhado, mais transmutado ao ser que amo, mais se aprofunda, impregna em mim, nele, em toda parte...
É um nobre, incomensurável, único amor, que só sabe ser sentido assim: de todo corpo, de todo coração...
Subentendido nas entrelinhas da alma, esperando a real entrega do personificado ser amante...
No seu íntimo será cravado, ao mundo anunciado e liberto, eternizado mais do que em palavras apenas...
Na poesia do legítimo encontro...
Dos amores raros!
(Juliana Alves)
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
"Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos." (Cora Coralina)
Sou poetisa, sou goiana orgulhosa...
Da terra inspiradora dos versos de Cora
Coralina, cora-linda, cores lindas e infindas,
que pintaram nosso Goiás ao mundo...
Na sua simplicidade em pessoa
e profundidade de alma a tecer em palavras
o que muitos nunca enxergaram:
o potencial goiano ilimitado!
Sou filha desse chão, raridade do cerrado...
Nascida no berço adornado pelos versos Coralindos!
Da terra inspiradora dos versos de Cora
Coralina, cora-linda, cores lindas e infindas,
que pintaram nosso Goiás ao mundo...
Na sua simplicidade em pessoa
e profundidade de alma a tecer em palavras
o que muitos nunca enxergaram:
o potencial goiano ilimitado!
Sou filha desse chão, raridade do cerrado...
Nascida no berço adornado pelos versos Coralindos!
(Juliana Alves)
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
É rock...
Hoje não dá, nem se eu quisesse escreveria palavras apenas...
Hoje meu corpo
inspira e transpira acordes...
Rifes de guitarra fluindo pelas veias
e
coração palpitando no ritmo da bateria...
Minha poesia hoje é musical...
É puro rock...
Energia veemente,
eletrizando a alma e
exalando pelos
poros!
(Juliana Alves)
sábado, 24 de setembro de 2011
6º Selinho
O selinho é o "Esse blog passa uma ótima ideia" .
Amigos ganhei esse selinho muito especial da Nina Barroso do Blog иเиล ☂ вลяя๏ร๏ , confiram!
Amigos ganhei esse selinho muito especial da Nina Barroso do Blog иเиล ☂ вลяя๏ร๏ , confiram!
Fico muitíssimo feliz com o reconheciemto seu, Nina, e de todos que acessam e gostam do meu recanto. Sempre é um prazer agraciar a alma ou o coração de alguém com algumas palavras!
Regrinhas:
- Postar o selo em seu blog;
- Citar o blog de quem te indicou;
- Indicar para os blogs preferidos de vocês!
- Postar o selo em seu blog;
- Citar o blog de quem te indicou;
- Indicar para os blogs preferidos de vocês!
Meus Blogs Preferidos:
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Da explicação do que se indaga ao coração
De onde vem essa força que me
atrai, me arrasta qual uma voragem até tua alma?
Essa conjunção de gostos doces,
de cheiros almiscarados, de toques aveludados que só existem quando tu estás ao
meu alcance?
Por que até o luar é mais
luminoso e com singulares matizes, quando tu estás na órbita de minha vida, nas
entrelinhas de meus pensamentos?
Por que, curiosamente, estrelas
cadentes só riscam o manto negro da noite em linhas iluminadas de esperança
quando em pensamento, te peço ao universo de presente?
Que conjecturas de minha
subconsciência são emanadas ao plano astral pra que tudo isso seja coincidente, e eu, entorpecida, pasma me deixe acreditar que contigo tudo é diferente...
Que contigo é amor, de vidas passadas,
de destino traçado e do pra sempre dos contos de fadas?
Amor que mesmo que você não mais
me venha, não mais me habite, sempre terá sua morada em mim...
Inspirar-me-á a ser sempre
melhor, mais linda por dentro e por fora, a luzir, iridescente até na vastidão
de sua ausência...
Sempre intensa, plena em ternura,
a florir alegrias, sorrisos e levezas pela experimentação ímpar desse amor...
Que é brisa fresca no jardim de minhas memórias, vendaval de surpresas na monotonia
da vida e furacão de sensações ao meu coração...
E tenho assim te amado: descompassado
e exagerado...
E porque a mim assim tem sido, gosto então só
sinto ao que te sou. Meu mundo menino, por ti tomei e te dou.
(Juliana Alves)
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