terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um dia percebemos que o comum não nos atrai...



"Só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal. Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas... e, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento, tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro."

(Lou Andreas Salomé - A paixão viva)


*Em matéria de amor, submeter-se à mudanças forçosas não é o caminho. Porque por mais que seja isso o que o outro queira, você se tornará algo a imagem e semelhança dele, algo que ele já tem em si próprio, já conhece. E o amor não é justamente buscar algo de diferente, algo de novo para COMPLEMENTAR o seu mundo? Como se complementará com algo que já se tem? O ser humano gosta do desafio, da novidade. E ao se tornar exatamente o que o outro quer, ao se ceder, acaba-se com  a particulariedade de cada um. Vira um ciclo de se somente sugar o que o outro lhe traz, não se cria, não se surpreende, não se acrescenta mais um ao outro, fica tudo muito unilateral. Quem exige subjulga quem se modifica, e ninguém subsconscientemente ama quem é fraco, e assim torna-se desinteressante ao outro. Acaba-se o encanto e com isso o Amor! Como diria Nelson Rodrigues sejas interessante, sejas único! O resto vem por consequência! 

(Juliana Alves)

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