Houve um tempo em que me via em um labirinto
Aonde todos os caminhos só conduziam a desilusão...
De amargura fortifiquei minha prisão!
Assistia a vida por pequenas frestas,
Insípida me parecia...
Minha rotina, abafada e sufocante,
E gélida em alguns momentos...
Tirou-me a graça de todo o restante.
Sem o calor de um corpo a me envolver,
Sonhos solitários transformaram-se em desgosto
Que me roubara o encanto do amor.
Até que, surreal efígie luminosa,
Vislumbrei de soslaio...
Ao conhecer a ti, ser solar,
Desejei tocar-te a imprescindível luz.
Quis me libertar, das correntes me expedir!
Anjo resplandecente,
Que a minha alma infundiu novo brilho...
Como chegar a ti, se presa estou ao chão,
Em abissais ruínas...
E tu em inalcançável altura e plenitude jazes?
Um plano audaz arquitetei,
Qual uma bela fênix, adornei-me!
Penas de gaivota, tintas coloridas, ceras infindas...
Amplas e resistentes asas soergui...
Renovada seiva em mim se fazia circulante,
O desejo latente tornava-se (ex)poente.
Cada lembrança do seu ansiado ser,
Ateava-me um doce contentamento...
Oásis de fulgor, meu coração de esperanças aquecia...
A Era da Tristeza se esvaía...
De tanto suspirar, minha alma,
Qual uma pluma ao vento, flutuava...
Minhas asas sob poder divino se alargavam,
A tombar os muros da prisão!
Ser livre me fiz e não podia ser tão feliz!
Como um balão de infinitas cores...
Aprendi a voar nas asas da liberdade!
Pra somente a ti, majestoso redentor,
Poder alcançar e tua terna aura tocar.
Sonho intrépido, tal qual um mergulhão...
Nos céus a ascender e a plainar,
Muitos mundos curiosamente contemplar...
E das águas, obter o frescor e o alimento...
Livre-arbítrio, o teu sustento!
Sob o céu crepuscular, no teu jogo de esconder,
Descobri-me farol, estrela d’alva a conduzir...
Viajantes perdidos na eterna jornada do viver.
Pude sentir o deleite de ser quem sou
E a audácia de trilhar caminhos
Que ninguém nunca trilhou.
Surpreendi-me novamente...
Ao sentir meu coração,
Em sonoro tom pulsante avisar
Que se vive e não se finge,
Apesar das sombras no porão.
Deve-se pedir não mais que permitir...
Somente ir, voar, amar, subir...
Ascender o mais alto que se for capaz...
E repetir o amor que lhe inspirar...
Mesmo sem de fato o alcançar...
Toda vida pode ser verão!
Pois apenas amar já satisfaz.
Amar já é encher-se de luz
E a todos iluminar!
Ao amar é que se atinge o aspirado e verdadeiro lume.
Pois um dia o sol de obstinada busca
Derrete a cera que nos compõe...
Nossas asas, inventadas e mal sustentadas,
Já não nos bastarão!
E de tudo o que resta enfim, é o amor...
No mais alto lugar, dentro de nós...
Nosso coração!
(Juliana Alves)
Minha amiga... Que impressão de deslumbramento me causou este poema repleto de beleza mística e que nobreza contida nesta estrofe, desfechando o todo
ResponderExcluir"Ao amar é que se atinge o aspirado e verdadeiro lume.
Pois um dia o sol de obstinada busca
Derrete a cera que nos compõe...
Nossas asas, inventadas e mal sustentadas,
Já não nos bastarão!
E de tudo o que resta enfim, é o amor...
No mais alto lugar, dentro de nós...
Nosso coração!"
Só esta frase já merecia um cartão virtual! Beijos;)!
Oi querida! Vim dar mais uma olhadinha. A nova versão acrescentou beleza, mas a beleza anterior continua se bastando por si, a meu ver. Agora esse desfecho... Hummm... É a nota mestra desta linda música. Beijos e uma linda noite!:)
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