domingo, 7 de agosto de 2011

Esfinge



Trago na alma um mistério,
Nos olhos, borboletas áureas, ardentes...
Da Quimera descendente.

Fiz-me filha dos versos...
Porta aberta para o meu reverso.
Pelas vertentes, ser indulgente de alva candura...
Às vezes, uma criatura de pedra, estátua dura.
Imponente, em reduto solar, a desafiar...
Àquele que ousar a essência me alentar.

Vejo olhares a me fitar...
Não me sabem fera ou mulher,
Incógnita aos laicos insalubres.
Duas partes confluentes, ambas eloqüentes...
Bradam em desespero, apelo mudo...
- Decifra-me ou te devoro!

Sigo alada, ávida a ser decifrada...
Sem aos céus alcançar,
Inúmeros a devorar...
Solitária existência, a procura de findar essa ausência
De um ser incompreendido, sem a sua completude.

Se algum dia, Édipo o meu mistério decifrar...
Caberá em ternura me render,
Por seus lábios, devorada ser...
E em Anjo-Mulher alvorecer,
No sacro-solar de uma eternidade.

(Juliana Alves)

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  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...