quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nascimento Último


Como se não tivesse substância e de membros apagados.
Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.
E germinar no sono, germinar na árvore.
Tudo acabaria na noite, lentamente, sob uma chuva densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
No encontro e no abandono, na última nudez,
respiraria ao ritmo do vento, na relação mais viva.
Seria de novo o gérmen que fui, o rosto indivisível.
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços.
Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.

(ANTÓNIO RAMOS ROSA, in NO CALCANHAR DO VENTO)

Um comentário:

  1. Oi,
    Conheci seu link e vim visitar.Seu post é 10,seu blog é show e já estou seguindo.
    Feliz carnaval com muita paz.
    http://wwwavivarcel.blogspot.com/

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  Das invernais madrugadas não me recordo mais. Senhor dos tempos da ventura despiu-me de toda a névoa, vestiu-me de amanhecer...